O incêndio no CT do Flamengo é muito mais do que uma tragédia do futebol. É de nossa sociedade, em que o futebol ainda embala o sonho de muitos garotos e de muitas famílias. Os meninos catarinenses Bernardo e Vítor, e os colegas deles, mortos no acidente, estavam realizando em suas vidas o que muitos jovens gostariam de fazer também. O sonho de uma carreira no futebol, e em um grande clube do país e do mundo, que, pelos relatos, era também o clube do coração destes meninos. O sonho de dar um futuro mais confortável para os pais e familiares. Muito mais do que atingir o Flamengo e o próprio futebol, atinge o coração da família brasileira. Das muitas que embalam os mesmos sonhos, de pais que, mesmo com coração apertado pela saudade, fazem de tudo para dar suporte e para ver o sorriso no rosto dos seus meninos e meninas. A tragédia destrói famílias inteiras, além de ter arrancado a vida dos jovens. Foi uma pancada que atingiu em cheio e deixou apertado o coração dos amantes do futebol, de qualquer pai pelo país, de qualquer um que vive o esporte no seu dia a dia.
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Apuração precisa ser rigorosa
É preciso saber o que aconteceu. Fatalidade ou negligência, falta de responsabilidade – é preciso apurar e punir. O que fica mais gritante neste início de ano é a discrepância entre a realidade de um clube que gastou – ou vai gastar pelas contratações que fez – mais de R$ 100 milhões para reforçar o time profissional e ao mesmo tempo mantinha os garotos de sua base em alojamentos provisórios em um canto do Centro de Treinamento já amplamente modernizado e estruturado. Difícil aceitar. Não se trata de condenar previamente o Flamengo – o que pode até ser um erro em cima de conclusões precipitadas. Se trata de querer e exigir respostas claras e transparentes.