Esportivamente, a Copa América está desgastada. É um torneio que normalmente já não gerava tanta expectativa, a não ser por jogos como Brasil x Argentina. Mas nos últimos anos os dirigentes trataram de tornar a competição ainda cansativa. Foi uma enxurrada de edições de Copa América. Um exagero.
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Desde 2015 já são quatro edições – contando com esta que vai começar no final de semana no Brasil. É muita coisa. No mesmo período houve somente uma única edição de Copa do Mundo, em 2018, e uma única edição da Euro, em 2016. A Copa do Mundo e a Euro naturalmente já são competições mais atrativas, com nível maior, muito mais disputadas (com eliminatórias, inclusive) e abertas em termos de disputa.
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Mas a Conmebol tem um grande motivo pra fazer a Copa América, que é o econômico. Há muito interesse em fazer e fazer a competição, pra mostrar as marcas dos patrocinadores atreladas aos grandes jogadores, como Messi, Neymar e Suarez. Então, toca mais uma Copa América aí! E chama o Messi e chama o Neymar e chama o Suarez. E vamos ganhar dinheiro com “nossas estrelas” em campo.
O país
E o Brasil? O que o Brasil ganha oferecendo vaga pra sediar Copa América? Neste momento, nada. Nem mesmo a justificativa turística serve, pois não há possibilidade de circulação de milhares, ou milhões de turistas, fazendo circular também dinheiro, enchendo estádios e hotéis.
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Muito pelo contrário, o momento é de não circular. Os estádios vão estar vazios e os hotéis também vão estar vazios. Não vai haver movimentação da economia.
O Brasil não ganha nada. Não era momento de oferecer o país para sediar a competição. A prioridade tinha que ser outra. Em tempo de pandemia, todos os esforços ainda precisam estar em resolver o mais rápido possível um problema que já tem solução, com a vacinas que já existem e que neste momento não chegam em grande número para a nossa população. Não há clima pra festa. É uma inversão de prioridades.
Comparações
E não há como fazer comparações com outras competições do calendário regular. O Brasileiro, a Copa do Brasil, a Copa Libertadores, a Sul-americana são necessárias pois movimentam a economia regular do futebol, sustentando a existência dos clubes. Se estas competições não fossem postas de pé, mesmo com os riscos e os protocolos, os clubes – que realmente fazem o futebol existir – estariam ainda mais quebrados. O Avaí estaria quebrado, o Figueirense, a Chapecoense, assim como os grandes, mesmo os mais ricos, como o Flamengo e o Palmeiras. Os clubes são a real indústria do futebol.
As competições de Seleções, neste momento, não são necessárias. Nem Eliminatórias pra Copa, nem Copa do Mundo, muito menos a Copa América. É algo que poderia ainda ficar pra depois. Não são estas competições que sustentam os clubes e o futebol do dia a dia. Quem sabe em 2022 – e voltariam com mais vacinas aplicadas e possibilidade real de público nos estádios.
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