Já são quatro temporadas de utilização do VAR no futebol brasileiro. Muito já foi discutido, muitos erros foram cometidos e algumas injustiças foram evitadas também. Mesmo assim, a ferramenta ainda necessita de muitos ajustes.
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Depois de observar e analisar a utilização do vídeo nestes anos todos, com a inclusão do VAR na regra do jogo, a conclusão evidente é que um ajuste entre todos é o mais necessário: nos lances de interpretação o VAR tem que parar de induzir o árbitro de campo porque ele é a autoridade máxima na condução das partidas e tem que continuar sendo.
Mais do que isso, o VAR deveria ser impedido de decidir qualquer lance interpretativo. Quem tem que decidir é o árbitro de campo, com a sua interpretação e a sua autoridade máxima exercida.
Áudios desta semana recentes revelam interferências e decisões indevidas
O primeiro exemplo é do jogo do Avaí contra o Flamengo. Os áudios revelam claramente a intenção do VAR, Vinicius Furlan, de induzir o árbitro de campo, Raphael Claus, em dois momentos do lance.

O conversa entre os dois deixa explícita a tentativa de induzir a decisão do árbitro a partir de uma provável pré-disposição de marcar falta:
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– Sugiro revisão para possível falta. Tenho uma situação do Pottker empurrando e outra em que o goleiro é impactado pelo centroavante – disse Furlan.
– Empurrou o Arrascaeta? O Arrascaeta nem cai – respondeu Claus.
– E tem essa imagem aqui também em que o 77 se coloca à frente do goleiro – prosseguiu Furlan.
– Falta do 77 – considerou Claus.
No diálogo entre os dois, Furlan tenta “orientar” o árbitro de campo em duas situações. Na primeira, não consegue pela firmeza de Claus. Na segunda, é atendido.
Vamos a outro exemplo que ficou muito evidente nesta semana, após a péssima arbitragem de Luiz Flávio de Oliveira no Maracanã, na partida entre Flamengo X Athletico-PR pela Copa do Brasil.
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O lance é o possível pênalti para o Flamengo, quando Fernandinho quase arranca a camisa de Léo Pereira na área.
Os áudios deixam clara a atuação do VAR, Wagner Reaway:
– Puxou a camisa para cima, pequeno contato ali e o jogador se joga. Sem impacto. Pode seguir, Luiz. Sem impacto.
Luiz Flávio nem sequer foi verificar, analisando a imagem. A pergunta que cabe é: quem decidiu, afinal? Claramente a decisão final foi do VAR. Foi como se Wagner Reway tivesse dito “não foi pênalti e segue o jogo”. Está errado! Quem tem que decidir é o árbitro de campo.
“Recomendo revisão” e ponto final
O VAR deveria se resumir em qualquer lance interpretativo – mesmo considerando/interpretando com as imagens que houve erro ou que pode haver erro – a dizer para o árbitro de campo “RECOMENDO REVISÃO” e ponto final, ficando quieto na sequência e oferecendo as imagens para o árbitro de campo fazer o seu segundo juízo, a sua interpretação com as imagens à disposição.
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Acredito que essa seja uma das alterações que deveriam ser implementadas. Do jeito que está não está bom. A autoridade do árbitro de campo está esvaziada. Até mesmo pela falta de personalidade de alguns, que preferem repassar responsabilidades em lances mais complicados de jogos grandes.