As cinco principais Ligas da Europa precisam se unir se realmente quiserem banir os racistas e o racismo dos estádios. E os governos da Espanha, Alemanha, Itália, França e Inglaterra têm que estar juntos.

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A luta contra o racismo dentro dos estádios é também a luta fora deles. O futebol virou palco para os criminosos. Então, que sirva de plataforma e exemplo para o combate a estes criminosos.

As dores que não esqueço

Foi somente como questão de Estado que a Inglaterra conseguiu afastar os Hooligans das praças esportivas. Isso ocorreu a partir da intervenção mais que necessária do Estado. A partir da elaboração de um relatório poderoso feito pelo magistrado Peter Murray Taylor, sob determinação da primeira-ministra Margaret Thatcher, no início dos anos 1990.

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O chamado “Taylor Report” virou lei para reformar e organizar os estádios e identificar e punir os brigões. Para fazer futebol na Inglaterra é obrigatório estar em conformidade com o que determina a “Taylor Report”, com conforto nos estádios, monitoramento com câmeras, segurança, prevenção e vigilância, e com os hooligans distantes deles, se apresentando às delegacias durante as partidas.

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Foi com base no relatório e com as práticas determinadas por ele que surgiu a Premier League, que hoje é referência de organização e sucesso no futebol inglês para o mundo inteiro.

Este é o exemplo a ser seguido. Um esforço coletivo dos governos em conjunto com Ligas, Federações, Uefa, clubes e atletas. Só assim vai ser possível fazer retroceder a onda racista no futebol pelo mundo inteiro.

O Brasil tem que seguir o mesmo caminho

Como escreveu Vinícius Jr. esta semana em suas redes sociais “as hashtags não comovem mais”. Nem hashtags, nem placas de estádio, nem faixas, nem slogans, nem patches nas camisas dos jogadores. É preciso ação real e punições efetivas. 

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O futebol é o maior esporte do mundo. Nenhum outro esporte tem a expressão e a capacidade dele, de parar países, por exemplo, como se viu com a Argentina, recentemente, na última Copa do Mundo.

A força de Vini Jr. se transforma num marco na luta contra os racistas

Tem o poder de alegrar e entristecer, tem a magia de encantar, faz esquecer os problemas do dia a dia. É o mesmo que faz sonhar milhares de jovens pelo Brasil e pelo resto do mundo. Mas o futebol que une é o mesmo que separa, que machuca.

As manifestações de racismo vêm crescendo nos estádios da Europa e do Brasil na mesma medida em que ondas de nacionalismo extremo e xenofobia vêm crescendo também.

A guerra da sociedade organizada contra o racismo

Os números vêm aumentando. Na última temporada, a UEFA monitorou quase 3 mil jogos com focos de racismo. No Brasil, o Observatório da Discriminação Racial teve em 2022 quase 100 denúncias de atos racistas em jogos de futebol, contra perto de 60 em 2021.   

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E é preciso também compreender que não há este racismo segmentado que pertence tão somente ao futebol. O racismo do futebol é o da sociedade, aquele que está nas ruas, nas casas, histórico e enraizado. E está no futebol também, porque o futebol reflete comportamentos que estão enraizados na sociedade.

O combate ao racismo no futebol tem que ser o combate ao racismo do dia a dia. Não é mais tolerável ou admissível. Não há mais como fazer de contas que combate. Não se trata de brincadeira de torcedor na arquibancada. O racismo existe. Sempre existiu. Está presente. Cada vez mais!

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