Em duas semanas de Catar e quase duas semanas de Copa do Mundo, já dá pra dizer o que é e está bom e o que não é e não está bom, definitivamente. Há bem mais aspectos positivos nesta Copa e no evento como um todo, mas há questões menores que poderiam ser melhores.

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O bom desta Copa é que tudo funciona. É tudo muito perto, há muita gente, de muitos países no mesmo lugar, mas tudo funciona. O metrô é um espetáculo! Coloca o país pra circular e consegue coordenar a movimentação do povo local e dos turistas. Tem, claro, seus momentos de tensão, no pré e no pós-jogo, mas funciona, é bem indicado, organizado e totalmente fácil de entender e usar no dia a dia.

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Outra coisa que é muito boa – e já escrevi sobre isso, mas não custa reforçar – é a receptividade do povo local. Eles estão felizes de receber a Copa do Mundo e de mostrar o país. Ficam muito contrariados com os questionamentos do Ocidente à sua cultura. “A Europa fala demais”, foi a frase de um funcionário de farmácia que ouvimos nas conversas informais que tivemos por aqui.

Um vendedor de ouro do mercado Souq Waqif nos disse “se você não respeita os mandamentos, você não é um muçulmano. Tudo que fazemos é seguir as regras. Está escrito”. É a forma como eles entendem e explicam o jeito deles de ser e de viver suas crenças.

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E as regras… a gente percebe rapidamente que elas são rígidas. No sentido de que eles fazem todos entenderem que no Catar é do jeito deles ou não é. Um exemplo disso foi na partida entre Irã x Estados Unidos, que assisti nas cadeiras do Al Thumama Stadium. No primeiro tempo, os iranianos faziam um barulho enorme com as vuvuzelas. Aquelas famosas, barulhentas da Copa da África, em 2010. Muito chatas, por sinal. Pois os inspetores do estádio recolheram todas durante o jogo. Não sobrou nenhuma pro segundo tempo. E aí de quem se recusasse a entregar.

Al Thumama Stadium, um dos mais difíceis de chegar (Foto: Arquivo pessoal)
Al Thumama Stadium, um dos mais difíceis de chegar (Foto: Arquivo pessoal)


O que é chato

Eu, Carlos Rauen e Mateus Castro já andamos uns 200 quilômetros em 14 dias de Catar. Porque, por mais que tudo seja perto, eles te fazem andar. A operação para chegar em todos os estádios funciona perfeitamente, mas em alguns eles te obrigam a andar muito, fazendo aqueles circuitos em caracol, com as barreiras, pra que o povo não fique aglomerado. Pra chegar ao Al Thumama e no Al Bayt é mais complicado. O metrô não vai na porta do estádio, como no Lusail, ou no 974, estádios que a Seleção jogou. Nestes outros dois o metrô vai até um ponto, deste ponto tem que pegar um ônibus, que te leva uns três quilômetros mais adiante, e daí te deixam ainda distante mais de um quilômetro e meio da porta do estádio.

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Só que o campeão das chatices é o DJ. Dentro dos estádios tem DJ o tempo inteiro. Antes do jogo, é DJ tocando música alta, é DJ gritando com o torcedor, é DJ escalando as seleções como se estivesse dando um show, é DJ entrevistando “celebridade” das seleções que vão jogar. No intervalo é DJ tocando música e “animando” a torcida, e depois do jogo, assim que o juiz apita, é DJ tocando música alta novamente.

Não há espaço para torcida fazer sua festa em paz. No primeiro jogo do Brasil, o segundo tempo começou e o DJ nem se tocou de parar a música. Parou com bola rolando. E aquele momento tão especial da Seleção celebrando a vitória no pós-jogo com a torcida brasileira é abafado por quem? Pelo DJ, que toca música alta em cima.

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A experiência no Catar está sendo fantástica. De viver a Copa do Mundo, mostrar ela pra vocês, conhecer um país e uma cultura totalmente diferente, e acompanhar tanta gente de tanto lugar do mundo. Mesmo com algumas observações, vai ser inesquecível pra sempre.

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