A sexta-feira pós-derrota para a Ponte Preta foi mais um dia de paralisação e manifestação dos atletas do Figueirense. Ninguém apareceu para o treinamento que estava marcado para as 15h30min, configurando a paralisação. E nas redes sociais os posts caracterizavam a manifestação com a frase “paramos hoje pela sobrevivência do amanhã”. Mais uma vez os jogadores expõem a situação do clube na área administrativa.

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O agravante desta vez é que com a assinatura do chamado “termo de compromisso”, no final de julho, o que se esperava era uma mudança do cenário, com a regularização das questões salariais e administrativas. O presidente da empresa que administra o futebol do clube, Cláudio Honigman, chegou a usar, no dia do anúncio oficial do acordo, a expressão “festejando este momento”. Mas os fatos têm atropelado qualquer anúncio que tenha sido feito.

Ainda há atrasos de salários e direitos de imagem, ainda há pendências dos anos de 2017 e 2018, e muito descontentamento interno com relação a forma como toda a situação é conduzida. O limite havia chegado com as entrevistas do técnico Hemerson Maria e as paralisações anteriores. As consequências foram as saídas do próprio Hemerson Maria, do goleiro Denis e de outros profissionais. Veio o acordão, que deu uma amenizada na situação. Mas o que se percebe é que nada muda. O limite parece estar próximo novamente. O Figueirense, instituição, e a torcida seguem sofrendo.

A manifestação

A publicação nas redes sociais dos jogadores, ao mesmo tempo, com o símbolo do Figueirense e a mensagem “paramos hoje pela sobrevivência do amanhã” é muito forte e expressiva. Eram 32 publicações iguais com a hashtag #familiafigueirense. Mostra a união dos atletas e a luta deles por algo muito maior do que apenas uma reclamação de salários. Talvez estejam ocupando o lugar que seria devido para alvinegros históricos na luta pelo futuro do clube.

Sim, o que parece estar em jogo neste momento é o futuro do clube. Não que o Figueirense vá deixar de existir, nada disso. Mas o que significaria uma queda para a terceira divisão, por exemplo? O movimento dos atletas lembra, em parte, aquilo que se viu nos anos 1980 no Corinthians, a famosa “democracia corintiana”,

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que era uma manifestação de jogadores que acabava influenciando muito fortemente nas decisões e nos caminhos do clube. Sem esquecer o momento político do país como contexto histórico – o que não tem nada a ver com o cenário atual. No caso do Corinthians era um movimento de união e uma manifestação de personalidade dos jogadores, que queriam, além de jogar bola, opinar, manifestar, poder decidir por eles mesmos, mostrando força e unidade.

No caso do Figueirense, agora é uma manifestação que serve como grito de alerta e pode influenciar decisivamente nos rumos do clube.