Em entrevista nesta quarta à rádio Eldorado, de Criciúma, o empresário Moacir Fernandes, presidente eterno do Tigre – campeão histórico da Copa do Brasil de 1991 – se colocou à frente do processo de reformulação do clube. Uma ótima notícia.

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É o carimbo de credibilidade que o Criciúma precisa para poder se reerguer mais uma vez. Moacir Fernandes tem todas as credenciais para conduzir o processo, como Antenor Angeloni tinha também em 2010.

Empresário respeitado no estado, presidente mais vitorioso na história do Criciúma, Fernandes deixou claro na conversa, conduzida pelo colega Renato Semensati, que não vai ser o presidente, mas já está em conversas com o presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Alamini, e com outros empresários da região para montar o plano de reconstrução.

“No máximo em 15 dias”

15 dias foi o prazo dado máximo dado por Moacir para dar a largada no novo projeto. A ideia é reunir empresários com cotas para ter, no mínimo, R$ 10 milhões para começar. E começar agora, negociando com a GA e Jaime Dal Farra a melhor forma de saída, antes mesmo do prazo legal de rompimento do contrato que é o final do ano.

Mesmo que Moacir tenha vivido uma outra época do futebol – que mudou bastante fora do campo também – ele tem experiência suficiente para tratar com os agentes deste mundo, que são os dirigentes, os empresários de jogadores, os profissionais de comando técnico e os próprios atletas. Talvez uma figura nova seja o Executivo, com o qual Moacir não convivia em sua época. Mas teve seus diretores de futebol e, na prática, é tudo muito parecido.

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O importante, que foi ressaltado por ele durante a entrevista, é uma característica de união e identidade. Fernandes disse que o modelo atual não deu certo porque era o modelo de um só, que tem o bônus dos lucros solitários, mas que tem o grande ônus da cobrança e da pressão em uma pessoa somente.

A saída de Dal Farra era o único e melhor caminho para os dois lados

Jaime Dal Farra tinha o melhor propósito, como um torcedor do Criciúma e empresário da região, mas o fato é que não deu certo. Foi uma gestão ruim. O Criciúma, com ele, voltou ao ponto em que estava quando Antenor Angeloni reassumiu em 2010.

E não deu certo por seus erros mesmo. Fez grandes negócios, mas também gastou demais. De 2016 a 2020 o Criciúma nunca foi grande dentro de campo como sempre foi em sua história de 73 anos. No estadual foi coadjuvante, assim como na Série B, em que ainda amargou o rebaixamento à Série C no ano passado.

Numa conta simples, foram 10 técnicos e mais 10 diretores de futebol no período, e nunca o futebol do Criciúma teve uma convicção de projeto, um norte. Era sempre na pressão da arquibancada ou no cartaz de trazer alguém para acalmar a torcida. Ninguém conseguiu trabalhar de verdade. Até quando o trabalho foi melhor foi interrompido, como na campanha da Série B de 2017, com Luiz Carlos Winck, que acabou demitido porque ele e Edson Gaúcho, na época diretor, não tinham as mesmas ideias.

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Dal Farra é dono da GA, que é dona dos direitos dos jogadores. O Criciúma é a vitrine e tem os registros dos contratos na CBF. Então é possível fazer uma boa negociação de saída, com divisão de percentuais de atletas entre o clube e a empresa. Nas negociações futuras, cada um leva sua parte. E Dal Farra segue sua vida enquanto o Criciúma segue em frente também tentando se reerguer o mais rápido possível.