Há muita repercussão, muita discussão aqui no Brasil nesta semana, por causa de uma declaração específica do técnico Jorge Jesus no Global Football Management, que acontece em Portugal até sexta e conta com a participação, entre outros palestrantes executivos e dirigentes, do presidente do Avaí, Francisco Battistotti.
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O trecho específico tem um tom de superioridade, típico do próprio Jorge Jesus, sempre pronto para ressaltar seus feitos em entrevistas.
“O jogador brasileiro, quando tem a posse de bola, não se preocupa. Ele sabe conviver com a bola, independente do fato de ter um, dois ou três jogadores marcando. O convívio com a bola sempre foi mais importante que outros aspectos do jogo. Mas é preciso saber jogar sem a bola. Os jogadores brasileiros não conheciam tão bem o jogo sem bola. Que a tática é tão importante quanto a parte técnica. Foi preciso muito trabalho para fazê-los entender. Sem vaidade, isso começou a mudar depois da nossa passagem pelo Brasil”
Acontece que a questão mais importante nesta discussão sobre Jorge Jesus e a passagem no futebol brasileiro, não é se ensinou ou não, se ele acha que fez mais ou menos e o quanto ele gosta de fazer propaganda de o como é bom. Isso acaba sempre descambando para “o português tá achando que inventou o futebol?” ou “ele acha que ensinou os pentacampeões a jogar?” – isso é uma disputa que não interessa e que coloca frente a frente prepotência e arrogância.
O debate deveria ser o que Jorge Jesus realmente fez com aquele Flamengo e que aos poucos vai sendo esquecido, como se fosse obra do acaso ou pura sorte. Infelizmente!
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Em um ano de trabalho no Flamengo, JJ trouxe uma pequena mostra de como o futebol é jogado em alto nível na Europa: intenso, compacto, agressivo. O Flamengo de 2019 passou por cima dos adversários no Brasileirão, com 90 pontos, e conquistou a Libertadores com partidas e atuações históricas. Tinha que virar exemplo e obsessão.
Nem mesmo a Seleção Brasileira de Tite conseguiu jogar neste ciclo atual com este nível de qualidade de atuação. Aliás, o Flamengo de JJ nos abriu os olhos de como a Seleção apresenta um futebol ainda defasado em relação à seleções que vêm mandando no futebol mundial.
E de lá pra cá, mesmo o Flamengo, até mais reforçado, não consegue repetir com outros técnicos e com regularidade o que se viu naquele ano e sob o comando do português.
Então, desde 2019, não é o que o português falou ou fala, mas o que ele fez que deveria ter chamado atenção e ser constantemente discutido, cobrado e copiado.
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Afinal de contas, o futebol não foi reinventado, mas ele vai se transformando e evoluindo ano a ano e década a década. E quem não percebe isso e fica com discussões de vaidade, que normalmente são vazias, vai ficando pra trás.