A proposta dos clubes para combater os impactos econômicos do coronavírus é razoável, mas precisa de ajustes. Por um simples motivo: as enormes diferenças de realidade entre os clubes e as quatro divisões do futebol brasileiro.
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Reunidos em videoconferência nesta segunda-feira, 46 clubes elaboraram a proposta que prevê o pagamento integral do mês de março, férias antecipadas de 20 dias a partir de 1º de abril, com mais 10 dias no final do ano, e na impossibilidade de retorno do futebol na volta das férias, dia 21 de abril, redução de salários em 25%.
As propostas foram formalizadas em um documento da Comissão Nacional de Clubes e encaminhadas aos representantes dos jogadores, com 48 horas para uma resposta.
1. Concessão de Férias Coletivas de 20 dias a todos os atletas, no período compreendido entre os dias 1 de abril e 20 de abril de 2020, com pagamento integral no quinto dia útil do mês subsequente ao gozo das férias e o 1/3 constitucional a ser pago no mês de dezembro de 2020, de modo que os clubes – e somente eles – arcarão integralmente com a manutenção das atividades futebolísticas durante tal período;
2. Garantia aos atletas do período de 10 dias restantes de férias no final do ano de 2020 ou no início de 2021, adequadas ao calendário que se desenhará após o retorno da paralisação;
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3. Redução da remuneração dos atletas em 25% durante o período da paralisação, como preceitua o artigo 503 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) em casos extremos e de força maior.
Diferenças deveriam ser consideradas
O maior problema desta proposta é tratar o futebol brasileiro como se todos vivessem uma mesma realidade. Há clubes com mais condições financeiras, com salários em dia, assim como há clubes com condições financeiras muito ruins, e há salários atrasados em muitos deles.
E há jogadores que recebem salários milionários, assim como há jogadores que recebem quase nada.
A melhor alternativa seria flexibilizar o acordo, considerando as diferenças.
É algo muito mais complexo do que o que está proposto. Os clubes estão sem receber também. Cotas de televisão e bilheteria são diretamente atingidos. Patrocinadores também podem desistir.
Posições de Avaí e Figueirense
Os dois clubes da capital participaram da videoconferência e têm suas posições sobre a questão.
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O presidente em exercício do Avaí, Amaro Lúcio da Silva, disse que “o Avaí participou da reunião por vídeo conferência como integrante da Comissão Nacional de Clubes. A decisão conjunta de antecipar férias do Departamento de Futebol de 20 dias a partir de 1 de abril até 20 /04. Outras ações dependem da resposta da Federação dos Atletas à Segunda proposta apresentada pela CNC. O Avaí é a favor da proposta encaminhada.”
Já o Figueirense respondeu que “atento aos itens que estão sendo discutidos entres os clubes das Séries A, B, C e D do Campeonato Brasileiro para minimizar o impacto da crise causada pela pandemia do novo coronavírus (COVID-19), o Figueirense Futebol Clube, representado pelo presidente do Conselho Administrativo, Norton Flores Boppré, participou na tarde desta segunda-feira (23) de uma videoconferência organizada pela Comissão Nacional dos Clubes (CNC). O Figueirense Futebol Clube segue auxiliando e analisando todas as alternativas que estão sendo propostas para, num segundo momento, colocar em prática as decisões que serão deliberadas pelos representantes dos clubes e atletas, todos afetados pela crise que assola o futebol brasileiro.”