Luciano Sorriso foi um jogador batalhador em campo. Era aquele segundo homem de meio campo que cumpria, ou tentava cumprir, aquilo que o treinador determinava. Sempre esteve à disposição para fazer outras funções, como um coringa – o que demonstra este caráter cumpridor de sua passagem como atleta de futebol.

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Tem história no Figueirense. Era da turma do Filipe Luís. De 2002 a 2007 esteve em grupos que venceram quatro estaduais, sendo mais ativo na conquista do time de 2003. Fez parte de campanhas na elite do futebol brasileiro naquela década histórica da gestão Prisco Paraíso.

Não era unanimidade entre os torcedores, longe disso. Várias vezes foi contestado pela exigente torcida alvinegra. Algumas vezes por ser um jogador lançado pelo clube e pelas suspeitas e cobranças que isso tudo costuma trazer.

Sempre foi um profissional trabalhador e dedicado ao Figueirense, demonstrando gratidão ao clube que deu a ele oportunidades como atleta. Nem mesmo as cobranças da torcida tiraram dele essa conduta de trabalho e essa gratidão ao clube.

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Luciano Sorriso ainda como jogador do Figueirense nos anos 2000
Luciano Sorriso ainda como jogador do Figueirense nos anos 2000 (Foto: DC, banco de dados)

Chegada tem que ser "de leve"

Agora Sorriso está ganhando uma segunda grande oportunidade do alvinegro. Naturalmente, vai haver nova desconfiança. Como um executivo recém-iniciado na nova carreira, o ex-atleta vai ter o suporte da mesma diretoria que há 18 anos apostou nele.

E precisa entender que chega de volta ao Figueirense para aprender e se desenvolver na nova função. Precisa saber ouvir e se integrar ao grupo de trabalho que já está tocando o futebol do clube desde o final do ano passado. Grupo que, aliás, vem fazendo muito bem o trabalho, dentro de todas as dificuldades que o clube tem. Como se diz no futebol, a entrada tem que ser "de leve".

Consultei alguns colegas de imprensa sobre o início de Luciano Sorriso como executivo no Santa Cruz. Todos usaram a mesma expressão para definir o que ocorreu entre o final de 2018 e o meio de 2019, quando o Santa foi eliminado precocemente – na fase de grupos – na disputa da Série C e Sorriso era o responsável pelo departamento. A expressão é "falta de experiência". Natural para quem havia saído do campo para a nova função e para alguém com 35/36 anos de idade.

Por isso que afirmo com muita tranquilidade que o Figueirense não está trazendo um gerentão ou um executivo que vem com os mistérios do futebol guardados no bolso. Desde que houve a transição de diretoria se especulava a chegada de alguém para o departamento de futebol. O que é natural, afinal a diretoria vai querer colocar também a sua gestão em campo. A questão era como fazer isso.

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Não dava para impor alguém que chegasse mudando tudo. A chegada de Luciano Sorriso está numa linha mais amena. Na realidade, ele tem que perceber que está ganhando do Figueirense uma segunda grande oportunidade no futebol e na vida.