O clássico entre Avaí e Figueirense no último dia 2 terminou da pior forma. A confusão do final da partida teve repercussão nacional e até internacional. O resultado de campo, que foi a vitória do Avaí por 2 a 0, ficou totalmente em segundo plano. Lamentável. Início de ano para um Estado que teve o futebol derrotado e rebaixado na última temporada. Em todos os patamares. Todos perderam no ano passado. 2020 precisa ser o ano da reconstrução, reestruturação, para voltar a organizar e, quem sabe, voltar a crescer.
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Só que em apenas quatro rodadas do Campeonato Catarinense deste ano, o que se percebeu mais, que gerou mais repercussão, foi aquilo que não veio de dentro do campo. Primeiro foram as declarações do presidente do Criciúma, Jaime Dal Farra, na 2ª rodada, quando o Tigre perdeu para o Juventus, em Jaraguá do Sul. Xingou a federação e ameaçou desfiliar o Tigre, o que seria uma atitude drástica e uma grande irresponsabilidade.
Agora, quebra-quebra no Estádio Orlando Scarpelli, invasões de gramado com a intenção de agredir atletas do Avaí – o alvo maior era o volante Bruno Silva –, e a imagem fortíssima do próprio Bruno chutando um torcedor caído no chão e até o próprio companheiro, o goleiro Gledson. Tudo lamentável. Um espetáculo às avessas. Deprimente para quem ama o futebol e o enxerga como ele é: um esporte, uma forma de entretenimento e, acima de tudo, uma paixão.
Não há o que fazer a não ser condenar todos os fatos. Não há como defender, seja qual for o ponto de vista, o que ocorreu no Scarpelli. Futebol é o golaço de Pedro Castro. É a vitória do Avaí sobre o Figueirense. É a celebração da rivalidade. E os dois times da Capital exercitam a rivalidade local, que aos poucos morreu em nosso Estado.
Não há mais um América x Caxias, em Joinville, ou Carlos Renaux x Paysandu, em Brusque, ou ainda o Ferro-Luz, de Tubarão. Mas ainda há um Avaí x Figueirense, que o torcedor manézinho se orgulha de dizer que é o único clássico e tem uma história que vai completar 100 anos de rivalidade.
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Mas o que se percebe é que o jogo está sendo perdido, quando a repercussão das cenas registradas na Scarpelli é o ódio ainda maior das redes sociais. Os torcedores reivindicam a razão. Discutem quem começou o episódio. Como se isso desse razão para alguma das partes envolvidas. Já não se entende mais em que ponto o futebol reflete a sociedade atual, ou o contrário. Afinal de contas, a futebol está na nossa matriz cultural. Passou da hora de uma grande reflexão, dos torcedores, dos profissionais, da imprensa e dos dirigentes.
Qual jogo queremos vencer? O futebol catarinense tem perdido terreno, ano a ano. E perder terreno é perder o grande jogo: é perder visibilidade, valor, credibilidade, torcedores e, claro, dinheiro.
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