Brasileirão inicia neste fim de semana com jogos nas séries A, B e C. Será a edição mais desafiadora para clubes, dirigentes, torcedores e imprensa, de fazer um campeonato interessante e seguro para todos

Começa neste fim de semana o Brasileirão mais desafiador da história recente para jogadores, dirigentes, torcedores e imprensa. A largada será dada às três principais divisões do futebol nacional. Provavelmente, em períodos normais, esta edição estivesse trazendo projeções dos catarinenses na tabela, os principais jogadores como destaque e as ameaças que os adversários diretos reservam. Só que o desafio desta vez é muito maior. É fazer tudo de forma muito organizada e coordenada, levando em consideração as medidas de prevenção e combate ao coronavírus. E ainda, é claro, jogar futebol, com todas as pressões e exigências comuns ao esporte.

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O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, defende todos os procedimentos e a forma como foram elaborados, mas avalia que a prática vai ajustar as determinações. – Temos diretrizes técnicas e todos os diretores dos clubes participaram disso. Somente a operação, a dedicação do dia a dia que vai responder todas as dúvidas.

“Foram mais de 140 médicos que participaram da elaboração destes protocolos. Eu diria que hoje temos um protocolo consistente, bem elaborado e testado.”, WALTER FELDMAN, SECRETÁRIO-GERAL DA CBF

RESULTADO DOS TESTES PODEM “DESFALCAR” TIMES

O torcedor, que vai ficar distante dos estádios, vai torcer, vibrar, acompanhar, mas vai ter que se acostumar com expressões que já estão frequentes como “protocolos”, “testes Rt-pcr”, “igm” e “igg”. A CBF preparou tudo, reunindo médicos especialistas e dos clubes envolvidos, e elaborou documentos de referência.

É como se a competição tivesse um regulamento novo, à parte dos regulamentos normais que todos estão acostumados, que determinam condições de jogo, inscrições, critérios de desempate, pontuação, e por aí vai. A CBF, por intermédio da Comissão Médica Especial, irá realizar o exame (PCR) nos 23 atletas que serão relacionados para cada partida e no treinador. Isso ocorrerá antes do início de cada rodada das competições, a fim de ter os resultados antes das partidas.

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Este novo regulamento vai mexer, por exemplo, na condição de jogo dos atletas. Todos os clubes são obrigadores a fazer testes nos jogadores antes de cada rodada. O que pode ocasionar os desfalques por coronavírus. “Todo atleta e/ou Treinador que tiver resultado positivo para o teste Rt-p- CR será descredenciado, até a liberação do credenciamento pela Comissão Médica da CBF”, diz o regulamento.

COMO SERÁ A LOGÍSTICA DE TESTES E VIAGENS

O médico do Avaí, Luís Fernando Funchal, participou de todo o processo de estudos e elaboração dos protocolos. Para ele, a grande preocupação é a operação. – o Brasil é grande, as diferenças regionais são patentes e há dificuldades de se chegar em todos estes locais. Ter os exames à disposição e equipes treinadas pra isso. O processamento deles exige tecnologia. Receber em tempo hábil os exames. O resultado tem que sair rapidamente para os clubes e comissões técnicas – pontua o médico. Funchal destaca também um mapeamento que a CBF vai conseguir fazer a partir dos exames. Os atletas e profissionais que estiverem com anticorpos para o vírus, os chamados igg, não vão precisar mais fazer. A tendência é aumentar o número de IgG e diminuir a demanda por testes.

O executivo de futebol do Figueirense, Luciano Sorriso, expressou uma preocupação maior com a logística combinada de jogos, viagens, exames e competições paralelas. Existem muitas dúvidas. – A gente tem problemas com logística. A gente enfrenta o Sampaio Correa (4ª rodada), lá no Maranhão, e depois o Botafogo em Ribeirão Preto (SP), e não vai ser em Ribeirão, que está no estado em vermelho. Nós vamos do Maranhão direto pra São Paulo. Aonde vamos testar? E depois do Botafogo talvez a gente já tenha o Fluminense, no Rio. O hotel que a gente ficava no Rio faliu. É uma dificuldade – pontua.