O futebol brasileiro descobriu uma nova alternativa para as crises financeiras instaladas em muitos clubes pelo país: as SAFs – Sociedade Anônima do Futebol.

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Elas chegam como símbolo de salvação, mas deveriam ser sinônimo de transformação visando o aperfeiçoamento da gestão para gerar credibilidade na busca do seu crescimento. Credibilidade que falta à maioria das gestões dos clubes.

No imaginário dos torcedores e até de muito dirigentes funciona como uma forma de deixar o que está ruim pra trás e criar uma nova vida para clube. SAF criada, clube novo, vida nova. Mas existem pontos em que a “conta não fecha”.

O exemplo do Cruzeiro está em evidência. Ronaldo “Fenômeno” comprou 90% da SAF do Cruzeiro, um clube que tem mais de R$ 1 bilhão de dívidas, por R$ 400 mil a serem investidos “nos próximos anos”, conforme comunicado da XP Investimentos, operadora do negócio.

É difícil entender como vá funcionar, até porque não se tem informações suficientes. Mas é só colocar lado a lado os dois números para perceber a desproporção. Para funcionar, tem que entrar em prática uma palavrinha que seria – essa sim – mágica em qualquer modelo. Uma boa “gestão” faria funcionar o negócio, sendo ele num modelo de SAF ou Associação. Gestão séria, competente e transparente! Simples, mas muito difícil executar – por sinal, em qualquer tipo de empresa.

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Em geral, os primeiros movimentos têm sido de clubes endividados e que precisam se “capitalizar” com algum investimento pra sair do buraco. É o conceito de salvação, de última chance, de não ter mais o direto de errar.

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Fazer gestão leva tempo e exige muita paciência e parceria do torcedor. O exemplo neste sentido é o Flamengo, que começou a fazer o trabalho em 2013 com uma dívida de R$ 750 milhões e receita que não chegava nem à metade desse valor. Agora, abrindo o ano de 2022, o Flamengo tem uma receita projetada em R$1,03 bilhão e dívida na casa dos R$ 400 milhões. Mas foram seis anos de uma gestão muito austera, e parceria e compreensão do torcedor, até o momento de dar o grande salto em 2019.

SAF deveria ser instrumento para impulsionar crescimento sustentável

Um clube organizado e com poucas dívidas poderia utilizar o instrumento da SAF para dar o salto adiante e crescer ainda mais no cenário de competição em que está inserido. Sim, com a “casa arrumada”, e aí sim atrair investidores para tornar esse clube um “player” competitivo e agressivo no mercado diante da sua concorrência. Esse cenário poderia ser muito mais atrativo para possíveis investidores/compradores.

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Seria o movimento ideal e mais adequado olhando do ponto de vista de quem vai comprar. Mesmo que o preço fosse um pouco mais alto do que a compra de um clube, em tese, quebrado. Neste contexto de “casa arrumada”, o investimento seria praticamente todo para fazer o negócio girar, transformando dinheiro em vitórias em campo e em ainda mais dinheiro.

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