A resposta negativa do governo do estado não surpreendeu. Já havia indícios de que essa seria a linha.

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Não há como contestar os argumentos de quem trabalha com base no que dizem os médicos e as autoridades de saúde que estão na linha de frente do combate à pandemia do Coronavírus, mas há algumas considerações que podem ser feitas.

Primeiro é preciso analisar que é urgente que se abra uma conversa mínima entre as partes. Governo, Federação e Clubes precisam debater e discutir minimamente uma possibilidade de estabelecer prazos para a retomada do setor.

Depois é preciso entender, como escrevi aqui há exatamente duas semanas, que ainda não é mesmo hora para o futebol profissional e competitivo dentro de campo. Mas o que poderia ser flexibilizado, como em outras áreas, são os treinamentos monitorados, individuais, e que sigam rigorosamente o protocolo de restrições sanitárias desenhado pelos médicos dos clubes.

Sim, porque o futebol de dentro de campo não se faz de uma hora pra outra. Necessita de um prazo de preparação. Então, para que haja uma possibilidade da retomada da atividade em si – os campeonatos – ao final do mês, ou quem sabe, no início de junho, há uma necessidade de estudar a flexibilização da retomada das atividades de preparação.

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A realidade agora poderia ser de estudar essa liberação, essa flexibilização. Liberar os treinamentos para o dia 4, ou para o dia 8, ou para o dia 11, para que haja uma possibilidade desta preparação monitorada, para uma tentativa de retomada dos jogos no final do mês ou, quem sabe, no mês que vem, se a COVID-19 permitir.

Outra consideração necessária ser feita, é que o governo está tendo certa incoerência na medida em que libera academias e não permite nem mesmo este trabalho isolado e monitorado de treinamentos do futebol.

Os atletas monitorados, com testes e medições frequentes de temperatura, juntos com suas famílias, podem ser um grupo de preocupação a menos para os governos. Seria um grupo de pessoas da nossa população, que também vai ao supermercado e às farmácias, monitorado 100% o tempo inteiro. Tudo por conta dos clubes e da Federação.

Por isso, repito que acredito que ainda não é hora para a volta da prática competitiva do futebol, com a realização de partidas entre equipes. Mas os treinamentos individualizados e monitorados por médicos deveriam ter uma análise diferente. São duas questões diferentes.

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Mas pra que isso aconteça é urgente que se crie um canal mínimo de conversa entre as partes. O Governo precisa sentar, conversar, e estabelecer seus limites. Os clubes também têm que se apresentar para negociar melhor e apresentar mais claramente seus planos e argumentos para deixar ainda mais claro como pretendem dar segurança aos atletas, aos profissionais e funcionários envolvidos e famílias.

Quem decide questões grandes e importantes precisa fazer de forma aberta e muito argumentada. O que se viu neste momento foi uma resposta, sem nenhum debate direto, nenhuma discussão.