Não há como analisar profundamente o trabalho de Rogério Micale pelos 11 jogos em que comandou o Figueirense até aqui. Aceitou comandar um time que não montou, não conseguiu ter o comando do grupo – o famoso grupo nas mãos – e virou passageiro, refém de uma situação financeira complicada que vinha se arrastando durante todo o ano e se agravou agora no final, com a meta esportiva fora de alcance.

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Micale não era o perfil de técnico que o Figueirense precisava no momento da troca. Escrevi isso na época e a realidade veio à tona com os jogos. Ao mesmo tempo, demitir Milton Cruz foi um tiro no pé para o clube. Milton tinha o controle da maioria do grupo de jogadores. O elenco que ele montou e que tinha muito o “DNA” do antigo treinador. Micale seria o técnico para iniciar temporada, mas agora está desgastado por tudo que ocorreu, ou deixou de ocorrer, desde a sua chegada.

É muito vítima de tudo, sem esquecer de suas responsabilidades. Micale teve pouco por fazer, mas não fez quase nada. Tentou mudar um perfil de time, quando era necessário mobilizar, envolver. Muito mais do que qualquer trabalho tático, o Figueirense, naquele momento, precisava de um gestor de grupo e alguém que conseguisse despertar nos jogadores a vontade pela competição e por alcançar a meta do acesso. Não deu nada certo.

Desgaste irremediável

O desgaste de Rogério Micale junto ao torcedor é o que inviabiliza a permanência dele. Esse desgaste não vai deixá-lo trabalhar no início da próxima temporada. Ele será o primeiro a ser “queimado” na primeira oscilação do próximo ano. Aliás, 2018 já foi de exigências e de cobranças e 2019 será ainda pior. E será difícil a diretoria segurar e respaldar o trabalho dele quando as cobranças começarem. É mais ou menos o desgaste que teve Marquinhos Santos na virada de 2016 para 2017. Mesmo que, naquela ocasião, Marquinhos tenha tido um rebaixamento. O que, pelo menos por enquanto, não é o cenário de Rogério Micale.

Mas o fato do Figueirense ter entrado na mira do rebaixamento para a última rodada da Série B já pesa bastante contra o treinador. Com toda esta conjuntura, o mais saudável para as duas partes é que cada uma siga o seu caminho no ano que vem.

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