Está em curso no futebol brasileiro um processo que envolve criação de Ligas de Clubes, transformação de clubes em empresas, com a lei da SAF, e a tentativa de atrair investimentos que prometem ser milionários.

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É um processo que deve transformar significativamente o mercado, tornando mais profissional o chamado “negócio futebol”. Acontece que é algo que não vai acontecer com todos e nem naturalmente.

A primeira leva de atração de investimentos já passou. Os maiores expoentes são o Botafogo, o Cruzeiro e o Vasco. Três gigantes do futebol brasileiro que estavam muito endividados e insolventes. Foram as três grandes aquisições do futebol nacional, que se enquadraram num modelo em que a necessidade do vendedor gerou um grande oportunidade para o investidor.

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São três clubes e três marcas que se estivessem bem administradas jamais seriam negociadas pelos valores que foram. O Cruzeiro foi vendido por R$ 400 milhões, o Vasco, por R$ 700 milhões e o Botafogo, também por R$ 400 milhões.

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Botafogo e Cruzeiro já passaram por transformações profundas na forma de administrar o dia a dia do clube. Ronaldo e John Textor são donos e começam a deixar claro para os torcedores que a administração vai ser de acordo com suas convicções, mesmo que em Minas a torcida grite “Ronaldo, gordão, vem dar satisfação” ou que peça a cabeça de Luís Castro, no Rio de Janeiro.


A segunda onda vai ser diferente

A segunda leva de investidores vai ser mais negociada e apurada. Numa transição, já aparece o Bahia, que conseguiu fazer um contrato bastante estudado e discutido com o Grupo City. O tricolor de Salvador não tinha uma situação financeira tão complicada quanto o trio da primeira leva. A negociação foi lenta e criteriosa e parece estar mais de acordo com um trabalho de longo fôlego entre clube e investidor.

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Agora vem surgindo um perfil diferente na abordagem aos investidores e no objetivo de mercado. Os dois finalistas da última libertadores, Athletico Paranaense e Flamengo, estudam internamente a atração de investidores no modelo SAF, mas sem a perda de controle da gestão dos clubes.

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São dois clubes vencedores no futebol brasileiro atual, que têm ótima gestão e poder de investimento acima da maioria dos concorrentes no mercado. Mas por que querem atrair investidores se não estão endividados? Para ficar ainda mais fortes e não só competitivos no mercado interno, mas no externo também.

O Flamengo estuda vender 30% do clube num modelo SAF por R$ 1,5 bilhão para poder financiar a construção do seu estádio próprio. O Athletico pensa em vender 49% para poder chegar ao patamar de investimento que hoje em dia tem o próprio Flamengo e o Palmeiras e poder bater de frente com mais expressão do que ocorre nos dias atuais.
São projeto ambiciosos e que vêm de clubes que são visionários e estão à frente da maioria da concorrência.


Onde nossos clubes se encaixam?


Essa é a grande questão que precisa ser feita por nossos gestores do futebol catarinense no momento. Com dívidas expressivas para o seu tamanho e cada qual com sua realidade, Avaí, Chapecoense, Figueirense e Joinville estão num formato mais próximo da primeira onda, em que qualquer investidor seria salvação. Claro que Joinville e Figueirense estão bem mais apertados que Avaí e Chapecoense – pelo simples fato que os dois primeiros não têm receitas.

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Mas o bom negócio para investidor de SAF no futebol catarinense seria o Criciúma. Um clube com dívida baixa e com boas receitas, nem cenário de Série B. E eles estão concorrendo entre eles mesmos, mas precisam saber olhar para o mercado externo também.


O primeiro passo é saber que tamanho eles têm, ou ainda que preço seria justo, correto e rentável. Passo importante também – que casa com o olhar para o mercado externo – é saber que tamanho se quer ter no mercado nacional e internacional num futuro próximo.


O que não dá é pra deixar o tempo passar. E Ele está passando. Como já ouvi de um expert em SAF e mercado “não vai ter investidor e dinheiro pra todo mundo”. O futebol catarinense já ficou para trás por gestões muito ruins nos últimos dez anos. Não pode se dar ao luxo de ficar anda mais para trás, sem se movimentar num mercado efervescente.

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