A notícia desta sexta na Copa do Mundo, ou no pré-copa, foi a proibição da cerveja durante a competição no Catar. Em cima da hora, faltando apenas dois dias para o início do torneio, o governo do país fez um “pedido” e a Fifa teve que recuar no que estava acordado anteriormente em relação à venda de cerveja durante os quase 30 dias de competição.
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Por que escrevi a palavra “pedido” entre aspas? Porque estando há três dias no país, nossa equipe já percebeu algumas questões culturais muito presentes. Uma delas é a reza, que está em todos os lugares. Há espaços especiais para que os voluntários locais da Copa possam parar e rezar, mesmo nos ambientes Fifa. E por onde circulamos, vimos algumas vezes os muçulmanos do Catar rezando – eles param o que estão fazendo, estendem um tapete e praticam a sua fé por alguns minutos.
E com relação à bebida, sentimos que estávamos fazendo algo errado já no segundo dia. Eu, Carlos Rauen e Mateus Castro saímos de uma pizzaria na quinta-feira à noite com copos de refrigerante na mão. Imediatamente vários olhares se voltaram para nós. Era um olhar de estranhamento e de condenação. Percebemos logo que havia algo errado e dispensamos rapidamente os copos.
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Ninguém anda com copo na mão no Catar. No máximo uma garrafinha d’água para refrescar. Já deu pra entender e, obviamente, vamos respeitar. Então o pedido do governo do Catar não era um pedido, era como se fosse uma ordem, uma determinação. São as diferenças culturais que são instransponíveis, mesmo numa Copa do Mundo. Mesmo uma Copa do Mundo sendo um grande negócio para o governo do Catar e para a Fifa. Se não fosse, não estaria acontecendo aqui.
O governo vai esticar a corda até alguns limites. E esse limite não ultrapassa aquilo que vai ofender o próprio povo e a cultura local. E a Fifa vai ter que se virar com o patrocinador que pagou cerca de 180 milhões de dólares para vender sua marca e seu produto durante a Copa e vai ter que respeitar. Nada que os “cartolas” do futebol mundial não estejam acostumados a fazer. A Copa do Mundo é futebol, é festa, é entretenimento, mas também é política, além de ser um negócio com muito dinheiro em jogo.
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