Campeão no sábado, da Libertadores. Campeão no domingo, do Brasileirão. O Flamengo varreu o futebol brasileiro e sul-americano. E fez isso mostrando qualidade em todos os aspectos – qualidade individual, tática coletiva, física, médica, estratégica, organizacional administrativa, e até as tão pedidas garra e raça. O Flamengo foi nota 10 em tudo na temporada.
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Na Libertadores, uma campanha maravilhosa e uma final histórica. É uma conquista que traz o Flamengo, com sua grandeza tanto tempo adormecida, de volta ao cenário internacional.
No Brasileiro, o Flamengo foi simplesmente o dono da competição. Uma corrida insuperável, imparável, para a conquista. São quatro rodadas de antecipação, 81 pontos, 80% de aproveitamento e 73 gols marcados. São 25 vitórias e contando. O Flamengo foi incontestavelmente o melhor deste ano e entra para a galeria dos melhores times da história do Campeonato Brasileiro.
Uma conquista fantástica no Peru
A final em Lima foi épica, monumental! Um roteiro fantástico, digno de finais históricas de Champions League da Europa, como a virada do Manchester United pra cima do Bayern de Munique, em 1999, em Barcelona, ou ainda uma virada mais recente, do Real Madrid sobre o Atlético de Madrid, em 2014, em Lisboa.
O Flamengo fez uma virada relâmpago quando até o River Plate já havia imaginado ter vencido a decisão única.
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Virada e êxtase em três minutos, no sábado

O jogo de sábado foi muito claro de entender. O River Plate fez um jogo forte, com uma marcação implacável sobre o Flamengo, que até começou melhor a partida, tomando a iniciativa e ocupando o campo de ataque.
Mas fazer o gol na frente, aos 14 minutos, em falha da defesa rubro-negra, tornou o trabalho da equipe argentina muito mais eficiente. O River passou a ter tudo claro e fez tudo com muito mais objetividade. Encurtava todos os espaços e tirava o time brasileiro do jogo.
Já o Flamengo errava quase tudo, oferecendo aos adversários o que eles queriam para roubar a bola e chegar no ataque de forma muito objetiva.
Este cenário só mudou um pouco no início do segundo tempo, mas nada que fosse realmente expressivo.
Só foi se alterar realmente aos 25 da segunda etapa, com a entrada de Diego. E logo depois a mudança foi acentuada com as mexidas ruins de Gallardo e as saídas de Borré e Nacho Fernandez. O Flamengo passou a ter os espaços que não tinha antes. E começou a criar lances e enxergar alguma possibilidade de empatar.
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Mas o tempo ia passando. E o gol de empate não saia, o que poderia trazer ainda mais erros, por nervosismo. E trouxe mesmo. O River teve a chance do segundo gol, aos 40 minutos. Um erro de Filipe Luís, que Palacios desperdiçou.
O Flamengo já tinha criado duas chances claras. Uma, num bombardeio com Bruno Henrique cruzando, Arrascaeta furando, Gabriel Barbosa e Éverton Ribeiro finalizando, todos no mesmo lance. Abola terminou nas mãos de Armani. A outra num passe de Diego, que colocou Gabigol livre na esquerda, mas ele falhou na hora de cruzar rasteiro para Bruno Henrique.
Só que o minuto 43 reservava uma mudança de rumo no jogo e na história. Com o espaço, que já era generoso àquela medida do jogo, Bruno Henrique fez a jogada, que resultou no empate com gol do Gabigol. Arrascaeta apareceu por trás da defesa argentina, recebeu de Bruno Henrique, e deu o passe salvador para a igualdade, o que, naquele momento, já era algo incrível.
O que veio na sequência foi loucura total. E aí entrou o que só é do futebol. Só o futebol produz.
O River se desarrumou, sentiu que a vitória escapou. Sentiu mesmo. O Flamengo se agigantou. Diego fez um lançamento no estilo “te vira” e Gabigol disputou no físico, provocando o erro de Pinola, que ainda não havia errado. Era o gol do título. A virada que o River nunca imaginou poder levar. A virada que o Flamengo já não imaginava ser possível.
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2019 tem uma marca. É rubro-negra. É o ano do Flamengaço! Pra sempre vai ser.

Algumas sensações deixadas pelo jogo de Lima
– Marcelo Gallardo mexeu mal. Justificou que duas alterações foram forçadas por problemas físicos. Mas mexeu achando que já havia ganhado. Quem saiu estava muito bem no jogo e quem entrou, entrou muito mal, principalmente Lucas Pratto. Foi seu maior erro.
– Jorge Jesus mexeu muito bem. A entrada de Diego foi a grande sacada. Depois arriscou tudo com Vitinho. O Mister foi "o cara".

– Diego, fez uma história fantástica. Do tornozelo quebrado nas oitavas-de-final, ao jogo decisivo, em que mudou o ritmo do Flamengo e a disputa. O camisa 10, a camisa histórica de Zico, foi fundamental para a vitória.
– O River foi implacável durante 70 minutos. Uma marcação muito forte e implacável. Mas isso teve um preço. O time desmoronou fisicamente, abrindo espaços para a virada rubro-negra.
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– Como escrevi na prévia da final, havia equilíbrio. O desequilíbrio veio no individual mais forte do Flamengo e no momento que o time vive, com confiança em alta, invencibilidade e grandes atuações.
– O Flamengo jamais desistiu. Fez uma partida abaixo das que vinha fazendo no Brasileiro e na própria Libertadores. Mas a qualidade apareceu no momento em que os espaços surgiram. E Bruno Henrique e Gabigol foram, no sábado, o que foram durante o ano: decisivos.
– Se o primeiro gol fosse do Flamengo, como foi do River, a sensação é que poderia ter sido um jogo completamente diferente, com domínio rubro-negro. Outra sensação era que se saísse o gol do Flamengo, no momento que fosse, o jogo mudaria completamente, como realmente ocorreu.
– Rodrigo Caio fez uma partida monstruosa. Foi o gigante da defesa do Flamengo e importante para não deixar ocorrer um 2 x 0 para o River, o que definiria o jogo.
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