Com a volta às aulas presenciais confirmada na rede estadual e em escolas municipais de Santa Catarina, governo e prefeituras têm mais um mês para impedir que se repita nas escolas a confusa gestão da pandemia na alta temporada de verão. Não cabe no ambiente escolar a insegurança vivida nos balneários do Estado no fim de 2020. Nem a jurídica, nem a sanitária.

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> Volta às aulas em Blumenau é confirmada para fevereiro.

Às vésperas do período de festas, o governo liberou a ocupação hoteleira e a promoção de eventos. Santa Catarina estava pintada de vermelho-gravíssimo, o que motivou ações judiciais contra a medida. Resultado: hoteleiros e hóspedes perdidos e, na prática, cada um cuidando de si.

Em 23 de dezembro, quando as praias já recebiam turistas há semanas, a Secretaria de Estado da Saúde divulgou regras para os banhistas. Entre elas, o uso de máscara na faixa de areia. Dois dias depois, o governador Carlos Moisés (PSL) ignorou a exigência informando que a proteção não era necessária. Resultado: cada um fez o que quis.

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No mesmo regramento do dia 23, o governo anunciou que as praias teriam bandeiras coloridas que avisariam sobre lotação. Voltou atrás porque as cores verde, amarela e vermelha gerariam confusão com a sinalização dos guarda-vidas no mar. Resultado: coube ao banhista avaliar se a praia estava ou não cheia.

Sem falar nas baladas, nas ruas e bares lotados em diversas cidades, nos supermercados abarrotados nos últimos dias do ano, na ausência de fiscalização em geral.

Escolas

Os catarinenses aceitarão o mesmo desleixo com as escolas? Pais e alunos estão suficientemente informados sobre os protocolos? Concordam com eles? O governo contornou as resistências dos servidores, em especial professores, ao risco inerente de trabalhar em situação de gravidade sanitária?

Num calor de 35 graus, portas e janelas permanecerão abertas, garantindo ventilação? Crianças usarão máscara? Ficarão distantes umas das outras? Obedecerão às marcas no chão? Não há protocolo que funcione sem o engajamento da comunidade escolar. As comunidades de Santa Catarina estão sendo convocadas a participar?

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Ainda mais importante: a comunidade escolar está ciente do que será feito caso sejam detectadas infecções? Haverá monitoramento rigoroso para impedir que doentes convivam com saudáveis e transmitam o coronavírus adiante? A Saúde está preparada para ampliar a testagem e controlar surtos escolares? 

Quando se trata de crianças, não adianta dizer: “estamos cumprindo todos os protocolos” e fingir que está tudo bem. O cidadão pode até aceitar a hipocrisia de fechar escolas por 11 meses enquanto todo o resto funciona (e milhares morrem de Covid-19). Mas dificilmente reagirá da mesma forma se o filho adoecer — e contaminar familiares — no lugar que sempre representou um porto seguro.

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