Os índices de vacinação contra a Covid-19 do Brasil ultrapassaram os dos Estados Unidos. Quase 59% da população foi inoculada com duas doses e o país continua avançando enquanto os movimentos antivacina norte-americanos fazem estrago. Mas a boa notícia (para nós) encobre o fato de que essa era a ordem natural das coisas. O Brasil é a potência em vacinação. Por saber disso, a Pfizer insistiu tanto em vender para o Ministério da Saúde.

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A tradição brasileira em campanhas massivas de vacinação vem desde os anos 1970, quando o governo desenvolveu o Plano Nacional de Imunizações. Vieram a Constituição de 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS), os programas de Saúde da Família e investimentos contínuos em campanhas de conscientização — viva Zé Gotinha! Que as doses contra a Covid-19 chegariam rápido aos braços da população eram favas contadas. O mundo sabia.

Não à toa já em 14 de agosto de 2020 a Pfizer ofereceu ao Ministério da Saúde prioridade na compra do imunizante que desenvolvia em parceria com a Biontech. O Brasil era o lugar ideal para provar rápido os benefícios da vacina e criar um caso de sucesso. Interessava à farmacêutica, que usaria o modelo em sua estratégia comercial, e interessava aos brasileiros.

Mas havia um presidente antivacina no meio do caminho. Jair Bolsonaro (sem partido) faz campanha contra os imunizantes. Até hoje sustenta não ter sido vacinado. Enquanto todo tipo de espertalhão conseguia reuniões para oferecer vacinas ao Ministério da Saúde, o primeiro contrato com a Pfizer só foi fechado em março de 2021. 

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Apesar dos resultados evidentes da vacinação, dois meses atrás o governo ainda tentava atrapalhá-la, suspendendo a aplicação de doses em adolescentes. No fim de outubro, Bolsonaro relacionou de maneira irresponsável vacinas e infecções por HIV.

Para não se ter dúvida de que estamos muito atrasados: o Chile ultrapassou os Estados Unidos em vacinação no mês de junho. Era esse, ou ainda melhor, o ritmo possível ao Brasil. Com capacidade instalada e um povo habituado a campanhas de vacinação, a oportunidade de emergir da crise antes de todo mundo estava posta. Foi desperdiçada.

Adiante, o desafio não acabou. Está chegando a hora de vacinar as crianças entre cinco e 12 anos — o Chile (de novo) começou há dois meses. Isso e as férias escolares darão ao país a condição de esmagar de vez o coronavírus, virar a página. Mas de Bolsonaro e seu séquito não se deve esperar ajuda.

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