Se o Ministério da Saúde garantir doses das vacinas contra a Covid-19 e insumos em número suficiente, Santa Catarina tem estrutura para atender os grupos de risco em poucos meses. Graças à capilaridade do Sistema Único de Saúde (SUS) e à experiência das vigilâncias epidemiológicas com campanhas de vacinação em massa, é possível aplicar a primeira dose em centenas de milhares de catarinenses numa única semana.

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> Vacinação contra a Covid-19 em Santa Catarina começa no dia 20 de janeiro.

Na campanha de vacinação contra o H1N1 de 2020, que ocorreu em meio às quarentenas de março e junho, o objetivo do Estado era vacinar 2,2 milhões de pessoas em 11 semanas, 200 mil por semana. Para se ter ideia, o atual plano estadual de imunização prevê 2,8 milhões de vacinados dos grupos prioritários até o fim do ano. Ou seja, a meta é pouco ousada diante da capacidade instalada. Não custa reforçar, isso considerando que não falte o básico: vacinas, seringas e agulhas.

A vacinação contra o H1N1 do ano passado tem algumas semelhanças com a operação que deve começar nos próximos dias em Santa Catarina. Os primeiros grupos a serem vacinados também eram profissionais de saúde e idosos em casas de longa permanência. E, como já havia pandemia de coronavírus à época, cidades tiveram de escalonar o trabalho para não gerar aglomerações. 

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Em Blumenau, por exemplo, idosos foram estimulados a agendar a vacina por telefone, aplicativo ou internet, evitando filas. Cada um dos sete ambulatórios gerais atendia, no máximo, 100 pessoas por dia. Nas 27 unidades do programa Estratégia de Saúde da Família (ESF) que contam com sala de vacinação, eram 50 vacinados por dia. Ou seja, com restrições e sem incluir na conta as equipes volantes que atuavam, o município tinha condições de aplicar mais de 2 mil vacinas diárias. Ainda houve atendimento à noite e em alguns sábados, para reforçar a campanha.

Em 10 semanas de batalha contra o H1N1, Blumenau imunizou 65 mil pessoas. Agora, a prefeitura estima em 70 mil o público-alvo que precisa ser protegido de imediato na guerra contra o coronavírus. No início, a vacinação será centralizada num único espaço (talvez o Parque Vila Germânica), mas com a possibilidade de ser ampliada para mais endereços conforme o trabalho engrene.

> Confira o Painel do Coronavírus em Santa Catarina.

Vacina em dose dupla

Há, porém, uma diferença enorme em relação ao último ano: a campanha da Covid-19 exigirá a aplicação de duas doses em cada cidadão. Além de repetir toda a operação, o sistema de saúde precisará monitorar possíveis efeitos adversos nos pacientes e garantir que a segunda dose seja do mesmo fabricante que forneceu a primeira. Quem tomou Sinovac, por exemplo, não poderá tomar a de Oxford na dose de reforço, e vice-versa.

Apesar dessa dificuldade nada desprezível, Santa Catarina conta com vacinadores em bom número, profissionais concursados experientes em vigilância epidemiológica e processos logísticos que já funcionam regularmente — se vier a vacina da farmacêutica Pfizer, hipótese menos provável, refrigeração e transporte mudariam radicalmente.

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> Confira tudo o que já se sabe sobre a vacinação em Santa Catarina.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é o grande trunfo catarinense e brasileiro para virar o jogo contra o coronavírus. O governo central só precisa fazer a parte dele. E parar de atrapalhar aquilo que funciona muito bem desde a década de 1970.

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