O superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Santa Catarina, Ronaldo Carioni Barbosa, disse nesta segunda-feira (15) que as obras do trecho Blumenau-Indaial (lotes 3 e 4) da BR-470 têm maior urgência para receber os R$ 200 milhões oferecidos pelo governo do Estado. A posição contraria intenção da Secretaria de Estado da Infraestrutura e Mobilidade, que propôs assumir os lotes 1 e 2, entre Navegantes e Gaspar. Carioni participou de uma reunião online promovida pela Associação Empresarial de Blumenau (Acib).

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Embora tenha frisado que não participa das negociações, Carioni concordou com o posicionamento da direção-geral do DNIT de priorizar os lotes urbanos da rodovia, onde os congestionamentos são diários.

— Quem tem mais recursos tem que fazer o local pior. Se é pra ajudar, vamos fazer os quatro lotes de uma vez só — opinou.

Para o superintendente, não faria sentido despejar toda a verba estadual em lotes 80% prontos, com 23 quilômetros duplicados e fluxo regular de veículos. Ele disse que o DNIT já vem administrando a obra de acordo com o que é mais urgente e usou o viaduto da Mafisa como exemplo. Em 2017, o governo federal decidiu injetar recursos no complexo viário ao invés de acelerar os lotes 1 e 2.

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Carioni previu que o dinheiro do Estado só estaria disponível em outubro, quando o lote 2, entre Ilhota e Gaspar, estará quase concluído. Ele afirmou que o DNIT tem condições de entregar o lote 1, em Navegantes, no primeiro semestre do próximo ano, sem ajuda estadual. Quanto aos demais trechos, para terminá-los em 2022 o dinheiro do Estado seria primordial.

Sobre desapropriações, apontadas como empecilho pelo Estado, o superintendente do DNIT disse que seria necessário aplicar R$ 50 milhões em 2021 nos lotes 3 e 4 da duplicação da BR-470. Os outros R$ 150 milhões do governo catarinense poderiam dar forma a viadutos, pontes e pistas duplicadas.

A compra de terrenos particulares que atrapalham o avanço das obras é um dos principais pontos de discordância. O secretário de Estado da Infraestrutura, Thiago Vieira, diz que a legislação impede o governo de desapropriar áreas e repassá-las à União. Carioni afirma ser possível e compara com uma solução encontrada num trecho da BR-280, entre Guaramirim e Jaraguá do Sul, que será transferido ao governo estadual. Porém, o processo arrasta-se desde o fim do ano passado e nenhum terreno foi desapropriado até omomento.

Após a fala do superintendente do DNIT, Vieira conversou novamente com a coluna. Ele não acredita na hipótese de estadualização da BR-470. A proposta que está em discussão é a transferência dos contratos e da responsabilidade sobre as obras, e não sobre a rodovia como um todo.

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— De nossa parte, não importa se vai ser ali (lotes 1 e 2) ou se não vai ser. O que importa é que a gente coloque investimento em nova rodovia e resolva o problema — avaliou.

O secretário negou que exista preocupação eleitoral na exigência de que os R$ 200 milhões gerem resultados já no início do próximo ano. E sinalizou que o Estado pode redirecionar os recursos para estradas de outras regiões, como as BRs 282, 162 ou 285.

— A questão não é inaugurar ou não inaugurar, deixei isso bem claro. Vamos pegar os R$ 200 milhões e botar na BR-282? Ninguém vai inaugurar nada, mas a gente vai fazer terceira faixa, que é bom para a população. A BR-163… Ninguém vai conseguir inaugurar nada, mas é bom para a população? A gente investe os R$ 200 milhões lá.

Mediação

Durante a reunião da Acib, o ex-presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex), Ulrich Kuhn, avaliou o impasse com precisão. Para ele, se há boa vontade do Estado e da União para acelerar as obras de duplicação da BR-470, questões menores devem ser resolvidas com conversa. Ele e o presidente da Acib, Avelino Lombardi, sugeriram contatos com a bancada do Vale do Itajaí na Assembleia Legislativa e com a bancada catarinense em Brasília para aparar eventuais arestas.

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Pelo andar da carruagem, é importante que essa Operação Panos Quentes ocorra logo. Antes que a verba se perca e o Vale do Itajaí fique, mais uma vez, a ver navios.

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