Não só a legitimidade do mandato do vereador Egídio Beckhauser (Republicanos) foi posta em dúvida com a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que o cassou. A decisão surpreendente e unânime, publicada por acórdão na quarta-feira (9), pôs um grande asterisco na política de Blumenau.

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A presidência da Câmara, agora e futura; a distribuição de poder no Legislativo e até em setores do Executivo sob influência do parlamentar; a viabilidade da candidatura de Beckhauser a deputado estadual; a liderança local do Republicanos na campanha do recém-filiado governador Carlos Moisés à reeleição… Até as férias do prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) e da vice, Maria Regina de Souza Soar, (PSDB) ficam ameaçadas.

A condição de Beckhauser é especialmente dolorida porque a cassação não veio por uma falta dele, mas supostamente cometida pelo partido, que teria lançado candidaturas falsas de mulheres para preencher a cota feminina de 30%. A prática teria por finalidade anabolizar a chapa com mais candidatos homens.

Beckhauser teve ascensão impressionante na política blumenauense. Conquistou 2.733 votos em 2020, o mais votado de um partido até então quase inexpressivo na cidade. Na virada para 2021, foi alçado à presidência da Casa por um grupo de parlamentares independentes. Surpreendeu quem enxergava nele mero paraquedista de uma derrota imposta ao governo. Conciliou as vontades do grupo com as do Executivo e, a seu modo discreto, conduziu as relações institucionais.

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A presidência deu ao novato oportunidade de fazer conexões em municípios vizinhos e na Capital. Construiu a pré-candidatura a deputado estadual sem alarde. A filiação de Moisés, que pode funcionar como puxador de votos para a legenda do 10, e o gesto de Hildebrandt de entregar ao vereador a prefeitura por uma semana nas férias dele e da vice, entre 18 e 25 de março, são fatos que encorpam a candidatura.

A medida judicial que pune o Republicanos acerta o vereador em cheio, logo na melhor fase da curta carreira política. Caso perca o mandato e a presidência do Legislativo, o prejuízo será gigantesco. A vice, Silmara Miguel (PSD), teria de convocar nova eleição em 15 dias. O eleito comandaria a Casa até o fim do ano.

Por ora, a decisão do TRE não produz efeitos imediatos. Beckhauser recorrerá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e estenderá a dúvida por meses. O partido Novo tem pressa para obter a cadeira dele e deve interopor medidas cautelares para tentar antecipar o afastamento, que beneficiaria o suplente Diego Nasato (Novo).

Até a tarde desta sexta-feira (11), não havia sinalização de qualquer mudança brusca na situação. É como se nada tivesse acontecido. Exceto pelo enorme asterisco que agora acompanha a vida política do vereador.

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