Um estudo brasileiro sobre os efeitos da hidroxicloroquina no tratamento de Covid-19, que incluiu pacientes de Blumenau, não encontrou evidências de eficácia do medicamento. A pesquisa, que envolveu o Hospital Santo Antônio e outros 54 hospitais brasileiros, foi publicada nesta quinta-feira (23) em uma respeitada publicação científica internacional, a The New England Journal of Medicine.

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Ao todo, 504 pacientes diagnosticados com Covid-19 participaram da investigação, 13 deles de Blumenau. Um grupo recebeu o tratamento padrão, sem a administração dos medicamentos em análise. Outro grupo foi medicado com duas doses diárias de 400 mg de hidroxicloroquina. E para um terceiro, os médicos receitaram, além de duas doses diárias de 400 mg de hidroxicloroquina, uma dose de 500 mg de azitromicina por dia. Os tratamentos duraram sete dias.

Os pesquisadores chegaram à conclusão de que “Entre pacientes hospitalizados com quadros leves a moderados de Covid-19, o uso de hidroxicloroquina, isolado ou combinado com azitromicina, não melhorou o status clínico após 15 dias em comparação com o tratamento padrão”.

Em Blumenau, o estudo teve a coordenação do cardiologista Adrian Kormann, da infectologista Sabrina Sabino e da enfermeira Jádina Spricigo. Segundo Kormann, os 13 pacientes testados em Blumenau tiveram alta.

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— Esse estudo não obteve os resultados que queríamos com a hidroxicloroquina e azitromicina, mas seguem estudos com outras drogas e hidroxicloroquina na fase inicial da doença — lamentou Kormann.

Coalização Covid-19

Os pesquisadores blumenauenses integram a Angiocor Pesquisa Clínica, que está participando de outros quatro estudos nacionais em conjunto com a Coalizão Covid-19, grupo de pesquisadores e instituições envolvidas nos trabalhos. 

Uma dessas pesquisas também procura descobrir se a hidroxicloroquina oferece algum benefício no tratamento precoce de Covid-19, em casos ainda mais leves, cujos sintomas não exigem internação. O estudo envolve 1,3 mil pacientes de 50 hosptais, cerca de 15 em Blumenau.

A equipe local ainda integra estudos sobre a dexametasona, corticoide com efeito anti-inflamatório que, em altas doses, também funciona como imunossupressor para pacientes graves, e o anticoagulante rivaroxabana.

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Blumenau pede cloroquina

Na rede de saúde de Blumenau não existe protocolo para uso da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes infectados pelo coronavírus. Nas lives diárias transmitidas via internet, o secretário de Saúde, Winnetou Krambeck, tem sido enfático sobre a falta de evidências científicas que embasem o uso do medicamento. Também garante que os médicos do município têm autonomia para receitarem o tratamento que considerarem adequado.

Pressionado por parte da população que defende a medicação, o prefeito Mário Hildebrandt disse, nesta quinta à noite, que havia solicitado 20 mil doses de hidroxicloroquina ao governo do Estado, mas teria recebido menos de mil. Hildebrandt disse que, agora, solicitou 40 mil doses diretamente ao Ministério da Saúde.