Quando foi a última vez que você deparou com obras de implantação do tratamento de esgoto em Blumenau? Reportagem de Talita Catie publicada na terça-feira (14) demonstrou que o sumiço das máquinas e operários não é mera impressão. A rede empacou nos últimos três anos, exceção feita a um ou outro loteamento do bairro da Velha. E a cidade parou de cobrar.
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Temos 47% de cobertura, menos que os 49% previstos para o fim de 2019, e muito menos que os 77% projetados no Plano Municipal de Saneamento. Tão preocupante quanto o atraso na execução do trabalho é a aparente ausência, ao menos em público, de cobrança sobre à BRK Ambiental.
São 83 mil blumenauenses sem o atendimento devido e a Agência Intermunicipal de Regulação (Agir) diz que a questão “está sendo analisada”. O Samae culpa os impactos da pandemia de Covid-19, que certamente ajudam a explicar o problema, mas não todo. Os dois órgãos municipais diretamente interessados na implantação do esgoto seguem depositando a responsabilidade de fiscalização na conta da revisão regular do contrato, que se arrasta desde 2020.
Reportagem: Com obras atrasadas, Blumenau deve tratamento de esgoto a 83 mil moradores
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É a mesma resposta que a BRK Ambiental deu à Câmara de Vereadores, em julho e setembro de 2021, ao ser questionada pelos vereadores Almir Vieira (PP) e José Victor Iten (PP). Um ano e meio depois, contratada e contratante seguem em posição confortável. Para evitar cobranças, até o acesso aos dados de metas da concessionária têm sido dificultado — sempre com a justificativa de que estão sob revisão.
Já foi suficientemente traumática a concessão do tratamento de esgoto em Blumenau. Primeiro, as várias polêmicas sobre o contrato, investigado até hoje pelo Ministério Público. Depois, a citação do município no escândalo da Odebrecht, cujas planilhas traziam 17 codinomes blumenauenses nunca identificados e investigados.
Em 2014, veio o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, que ajustou uma trapalhada feita à época da concessão. Blumenau havia concedido o serviço ao mesmo tempo em que recebia verbas federais. Perdeu o dinheiro e teve que botar na conta de quem paga a taxa de esgoto.
Agora, um gritante atraso no cronograma de obras acompanhado em silêncio pela sociedade. Quem paga a tarifa de esgoto tem o direito de saber quando o tratamento será universalizado e o que está sendo feito agora para atingir as metas estabelecidas.
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É hora da Câmara de Vereadores chamar os responsáveis a explicar o assunto em bases mais objetivas.
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Mapa do esgoto em Blumenau
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