Um veículo novo começa a circular no trânsito de Blumenau a cada pessoa que desiste de usar ônibus. A sentença é mais do que uma hipérbole em defesa do transporte coletivo. Ela traduz-se nos números de emplacamentos do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e nas estatísticas da Secretaria de Trânsito e Transportes (Seterb). Nos últimos 10 anos, para cada automotor registrado na cidade, os ônibus urbanos perderam um passageiro.

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Entre outubro de 2011 e outubro de 2021, 66.960 veículos foram adicionados às ruas, totalizando 276.370 registrados em Blumenau. O crescimento da frota (32%) supera em muito o da população (18%). Mas, no mesmo período, a média diária de passageiros embarcados no sistema público de transporte em dias de semana diminuiu de 120 mil para 61 mil. Na ponta do lápis, cada passageiro perdido coincide com 1,13 veículo adicionado às ruas.

O fenômeno não é exclusivo de Blumenau. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que o número de usuários de ônibus urbanos nas regiões metropolitanas do país em 2018 representava apenas 60% do contingente que era transportado na década de 1990. Enquanto isso, a oferta de crédito ampliou o acesso da população a automóveis e motos.

Depois do tombo no movimento de passageiros provocado pela pandemia de Covid-19, o serviço de ônibus de Blumenau começou a recuperar-se e agora estabilizou na média dos 61 mil passageiros/dia. Contando os 12 novos horários da linha 10 – Aterro-Garcia que retornam na segunda-feira (8), 63% do sistema que atendia Blumenau antes da Covid-19 estarão reabilitados. Ainda é pouco.

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Os dados provam o impacto do transporte coletivo na vida de toda a população, e não só de quem é usuário contumaz. Se o serviço é pouco atrativo, a mobilidade piora também para quem usa carro, moto, caminhão, vans, táxis ou aplicativos de mobilidade. Não existe solução individual para um problema dessa magnitude.

Mais carros

Mais da metade dos veículos que entraram no trânsito de Blumenau desde 2011 são carros (36,4 mil). Caminhonetes e camionetas (14 mil), motocicletas e motonetas (6,7 mil) e utilitários (4,5 mil) também tiveram participação importante no incremento da frota.

Os dados do Detran também exibem curiosidades. Estão emplacados na cidade sete side cars, 63 triciclos e um quadriciclo.

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