A tarifa embarcada nos ônibus de Blumenau, aprovada nesta semana, entra para uma lista de medidas implementadas em benefício da Blumob que haviam sido negadas ao Consórcio Siga antes que ele naufragasse, há cinco anos completados mês passado. Em 2010, a Justiça havia derrubado a cobrança de um valor mais alto para quem pagasse em dinheiro. Agora, a agência reguladora (Agir) considerou que a diferença é juridicamente viável.

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O objetivo da tarifa embarcada mais cara era — e ainda é — estimular o uso do cartão, que barateia a operação e reduz filas nas entradas dos coletivos. À época não teve conversa. Agora tem.

A decisão de 11 anos atrás insere-se num contexto de frequentes questionamentos judiciais a reajustes no valor da passagem — a maioria encabeçada pelo advogado e hoje deputado estadual Ivan Naatz (PL). Era uma época de forte politização do transporte público. Três anos mais tarde, não custa lembrar, o Brasil viria abaixo “por 20 centavos”.

Além de não poder cobrar tarifas diferentes, as três empresas locais que operavam o consórcio (Glória, Verde Vale e Rodovel) precisavam fazer a manutenção dos terminais, das estações de pré-embarque climatizadas, operavam modelos de ônibus articulados caros e gastadores e um número de linhas e horários muito superior ao atual. Podiam não ser modelo de gestão, mas entregavam mais que a Blumob e não recebiam subsídios diretos.

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Claro, as dificuldades de hoje têm forte relação com a pandemia de coronavírus, variável que nada tem a ver com a bagunça dos últimos meses de Siga. Mas, em retrospecto, é impossível não imaginar qual fim teria aquela crise se aos empresários da época houvesse sido concedida a flexibilidade atual. Insegurança jurídica e populismo tarifário ajudam a explicar o beco em que o transporte coletivo de Blumenau se meteu.

Em tempo: na tarifa embarcada versão 2021, pagarão R$ 4,70 os usuários que apresentarem cédulas e moedas ao cobrador. Quem tiver o cartão desembolsará R$ 4,50.

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