Zeraram os estoques de ivermectina nas farmácias de Blumenau. Correntes via redes sociais têm defendido o uso do vermífugo na prevenção e tratamento da Covid-19 e, desde o fim de junho, há uma corrida pelo medicamento.
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A coluna ouviu farmácias de quatro bairros nesta segunda-feira. Uma delas, na Itoupavazinha, vem recebendo pedidos de empresas para distribuir o medicamento aos funcionários. Em outra, no Victor Konder, a atendente já sabe que, quando o telefone toca, é alguém em busca da droga.
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Segundo proprietários de estabelecimentos, os distribuidores ainda não deram prazo para a renovação dos estoques. A ivermectina é ministrada há décadas para o tratamento de vermes e parasitas, como piolhos. Não há evidências científicas suficientes sobre efeitos contra a Covid-19. A automedicação é desaconselhada.
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Prefeituras como as de Balneário Camboriú e Itajaí estão incluindo o medicamento nas ações de saúde pública contra o novo coronavírus. Como revelou a colega Dagmara Spautz, Itajaí está adquirindo um milhão de doses e médicos catarinenses dendem que o goveno estadual inclua a ivermectina nos protocolos de tratamento precoce da doença.
Em Blumenau, a Secretaria Municipal de Saúde informou que respeita a autonomia do médico. A responsabilidade de prescrição do remédio para tratamento da Covid-19 é de cada profissional.
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Estudos sobre ivermectina
A procura desenfreada pela ivermectina tem origem num estudo divulgado no início de abril pela Universidade de Mash, na Austrália. Pesquisadores identificaram que o medicamento reduziu a replicação do vírus Sars-Cov-2 em células in-vitro. Desde então, o estudo prosseguiu em testes pré-clínicos, que ainda não foram concluídos. A próxima fase, caso a hipótese se confirme, será testar a ivermectina em um grande número de pacientes.
A própria universidade ressalva que pacientes não devem automedicar-se com ivermectina porque não há evidências suficientes para adotá-lo no tratamento e muito menos prevenção da Covid-19.
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No Brasil, o estudo australiano, embora preliminar, virou mantra em conteúdos que circulam por Whatsapp. O vídeo de uma médica e influenciadora digital que defende a ivermectina tem mais de 800 mil visualizações no YouTube. Ela afirma que o remédio representaria a “cura” da doença, o que não encontra qualquer fundamento científico.
As sociedades de Pneumonolgia e Tisologia e de Infectologia divulgaram alertas no mesmo sentido do que diz a universidade da Austrália: ainda não há informações suficientes sobre vantagens do medicamento em pacientes infectados pelo novo coronavírus.