O superpacote legislativo enviado pelo governo Mário Hildebrandt (Podemos) à Câmara de Blumenau no apagar das luzes de 2021 não passará sem deixar estragos. Numa sessão tumultuada, marcada por protestos de servidores contra a reforma da previdência municipal, os vereadores ficaram expostos, tiveram de fatiar as votações e acusaram desgaste. Por pouco, o plano de construir uma sede própria para a Casa não ficou pelo caminho.

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Parlamentares do governo e da oposição foram postos na seguinte situação: primeiro, deveriam aprovar o investimento de R$ 3,47 milhões para dar entrada no terreno na Rua das Palmeiras onde se pretende construir o prédio da Câmara. A área custará cerca de R$ 8 milhões, mais as futuras obras. Em seguida, aprovariam mudanças na aposentadoria dos servidores sob a alegação de que existe déficit financeiro. Uma saia-justa, enfim.

A primeira votação revelou como estava o clima interno. Por apertados seis votos contra cinco, uma abstenção e duas ausências, a compra do terreno foi aprovada. Surgiram argumentos contrários dos mais diversos. Silmara Miguel (PSD) disse que não conhecia o terreno localizado do outro lado da rua. Carlos Wagner, o Alemão (PSL), questionou o fato de que uma parcela da área a ser adquirida é de preservação permanente e não comporta construções — o terreno fora escolhido pela Mesa Diretora em 2019.

Adriano Pereira (PT) foi mais explícito, relacionando a infelicidade de se votar o assunto junto com a reforma da previdência. Almir Vieira (PP) e Ailton de Souza (PL) rebateram dizendo que tirar a Câmara do aluguel é um projeto histórico, não de agora. E que propostas enviadas pelo Executivo em cima da hora à Câmara eram praxe de todos os governos. Nenhum parlamentar manifestou-se a favor de continuar pagando aluguel.

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Enquanto votações menos polêmicas prosseguiam, vereadores levantavam questões de ordem e apresentavam emendas às mudanças na previdência. Em um dado momento, Bruno Cunha (Cidadania) pediu que ficasse mais claro o que se estava votando, tamanha a confusão. O clima continuou pesado e a sessão teve de ser suspensa porque servidores e vereadores passaram a discutir em plenário. Foi quando a Mesa Diretora resolveu deixar para o dia seguinte os projetos que atingiam os servidores — e os demais que tinham emendas a serem analisadas.

No retorno, parlamentares da oposição abstiveram-se das votações que envolviam temas relacionados aos servidores. Nos corredores, clima tenso e empurrões.

Nesta sexta-feira (17) haverá novo round, com as questões previdenciárias de volta à pauta. Parlamentares têm tentado emendar o texto do Executivo para suavizar as regras de transição, evitando que servidores com muitos anos de trabalho sejam atingidos. As próximas horas serão de negociações intensas.

Seja qual for o resultado final, votar uma reforma da previdência junto de outros trinta e tantos projetos revelou-se má estratégia. Ao invés de diluir a polêmica das aposentadorias entre dezenas de outras questões, o que se conseguiu foi contaminar todos os demais temas com o climão estabelecido.

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