A filiação do ex-ministro da Justiça Sergio Moro ao Podemos representa uma oportunidade para a legenda em Santa Catarina. Se for candidato a presidente, carregará o lavajatismo no número 19, impulsionando candidaturas a deputado estadual e federal. Mas a presença de Moro na corrida ao Planalto seria também um peso para a ala do Podemos catarinense alinhada a Jair Bolsonaro (em vias de filiar-se ao PL). Nela estão os prefeitos de Blumenau e Balneário Camboriú.
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Ninguém espera de Moro um tsunami eleitoral a exemplo do que ocorreu com Bolsonaro em 2018. Mas a filiação do rosto da operação Lava-Jato anaboliza o número de urna do partido para as eleições à Assembleia e à Câmara Federal. Atrai eleitores simpáticos ao ex-juiz e, em última instância, votos acidentais — aqueles em que a pessoa digita o número do candidato a presidente quando vota para deputado, engordando a legenda.
Mas embora a cúpula do partido no Estado esteja satisfeita com a possibilidade de eleger mais parlamentares e engrossar a representatividade do Podemos, duas maiores lideranças do partido em Santa Catarina têm uma contradição a resolver. Mário Hildebrandt (Blumenau) e Fabrício Oliveira (Balneário Camboriú) apoiaram Bolsonaro abertamente em 2018. Dois anos depois, anunciaram que se filiariam ao Aliança Pelo Brasil, partido que o presidente não conseguiu criar. Oliveira é o pré-candidato do Podemos ao governo do Estado.
Embora Hildebrandt já tenha criticado o presidente por ter “esquecido” a cidade, ao ser questionado, no fim de outubro, pelo jornalista Alexandre Gonçalves, do Informe Blumenau, sobre a filiação de Moro, o prefeito respondeu:
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— Ainda sou Bolsonaro.
Na terça-feira (9), em entrevista à coluna, o prefeito de Blumenau deu um passo atrás. Disse que se identifica com posições conservadoras do presidente e com a agenda econômica, mas também elogiou Moro.
— Essa é uma construção que nós faremos até 2022 — desconversou.
O apoio ao presidente explica-se por alinhamento ideológico, mas também por pragmatismo eleitoral. Jair Bolsonaro não repete em Santa Catarina os altos índices de rejeição observados em pesquisas nacionais. E Sergio Moro ainda não demonstrou que pode ser a tal terceira via entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para os prefeitos, o cenário ideal seria a aventada candidatura de Moro ao Senado por São Paulo. Neste caso, o Podemos catarinense seria incensado pelo lavajatismo sem precisar afastar-se do bolsonarismo popular.
Ainda faltam 11 meses até o primeiro turno.
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