O que está em curso no Brasil, com epicentro em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, não é um movimento de caminhoneiros. Desconhece-se reivindicação da categoria que pudesse ser levada a uma mesa de negociação. Tampouco é uma ação de apoio a Jair Bolsonaro (PL). Afinal, a campanha acabou. Chamar de baderna minimiza os enormes prejuízos à economia, à saúde, à educação e à tranquilidade social. O que estamos presenciando é uma tentativa de insurreição desastrada.

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A única reivindicação dos que bloqueiam estradas é a reversão do resultado das eleições. Não há previsão constitucional para atendê-la, nem poderia haver. O movimento tem, portanto, manifesta vocação criminosa e golpista. Aparvalhada, mas golpista. Não pode ser tratado pela população, pela imprensa e, muito menos pelas autoridades, como protesto democrático.

Todas as instituições brasileiras já encerraram o processo eleitoral, do Judiciário ao Tribunal de Contas da União (TCU), dos líderes do Congresso a governos estaduais e ministros de Estado. Mesmo o vice-presidente da República e senador eleito, Hamilton Mourão, reconheceu o resultado das urnas e pôs-se à disposição dos eleitos. As instituições funcionam, apesar de tudo.

O que não está funcionando é a cadeia de comando da Polícia Rodoviária Federal (PRF), instituição lançada à lama pela política mais rasteira e antidemocrática. Ainda assim, as recentes decisões judiciais encaminham um desfecho à irresponsabilidade que faz da população refém.

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Mais cedo do que tarde, os pretensos insurrectos abandonarão as estradas e voltarão ao mundo paralelo de seus grupos no Telegram e no WhatsApp. Deixarão para trás custos altíssimos, fiscais, sociais e econômicos, que toda a sociedade terá de pagar.

Pouco importa o silêncio daquele que tratam como ídolo. Resolvido o inacreditável episódio via institucionalidade, restará evidente aos brasileiros que não existe caminho para mudança fora da política e da democracia.

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