Os R$ 300 milhões que Santa Catarina investirá na duplicação da BR-470 superam o que o governo Jair Bolsonaro (sem partido) orçou para a rodovia em 2021 e 2022. O que já foi gasto este ano somado com o que está projetado para chegar de Brasília até o fim do mandato não passa de R$ 207 milhões. Para concluir os quatro lotes entre Navegantes e Indaial, ainda faltariam cerca de R$ 240 milhões, sem contar a correção.
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O valor a ser pago pelos cofres estaduais, conforme termo de cooperação técnica a ser assinado nesta quarta-feira (15), é semelhante ao total empenhado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) entre 2019 e 2020 — R$ 296 milhões. Deve-se considerar que o montante já representava um recorde para a gestão federal. De 2014 a 2018, período em que governaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), a União empenhou só R$ 366,8 milhões na duplicação, média de R$ 73 milhões por ano.
> Quando e como os R$ 465 milhões de SC chegarão às rodovias federais
Dinheiro federal na BR-470
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Conforme o plano de trabalho a ser formalizado pela Secretaria de Estado da Infraestrutura e pelo DNIT nesta quarta, os pagamentos às empreiteiras com verba catarinense começam em outubro e vão até julho. Nesses 10 meses devem ser concluídos os lotes 1 e 2, até o limite de Gaspar com Blumenau, e adiantados trechos dos lotes 3 e 4, até Indaial. Ao todo, são 73 quilômetros de duplicação.
Um investimento desse tamanho do governo do Estado em uma obra rodoviária é coisa que não se vê no Vale do Itajaí desde os anos 1970, quando acessos a vários municípios foram asfaltados. Tem potencial para transformar a paisagem e a economia da região. E o mais importante: reduzir o número de acidentes.
Mas a aposta do governador Carlos Moisés também desnuda o tratamento negligente dispensado a Santa Catarina pelo governo federal. Neste ano, só R$ 65 milhões foram assegurados pela União à BR-470 e praticamente já foram gastos. Há a esperança de uma suplementação de R$ 70 milhões ainda em 2021. Para o próximo ano, o orçamento enviado ao Congresso também é magro: meros R$ 85 milhões. Não dariam nem para pagar as desapropriações pendentes, principalmente nos lotes 3 e 4.
Depois de tanta demora, armadilhas políticas indecorosas e burocracia, a assinatura do acordo entre Estado e União é um alívio para o Vale do Itajaí. Mas também uma admissão de irrelevância dos catarinenses em Brasília.
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