Por que é tão difícil punir a exibição de símbolos que remetem ao nazismo em Santa Catarina? Nesta semana, o Ministério Público arquivou, pela segunda vez, procedimento que averiguava a cruz suástica desenhada no fundo da piscina do professor Wander Pugliesi, em Pomerode. A lei que veda a incitação a crimes raciais no Brasil cita a veiculação de símbolos “para fins de divulgação do nazismo”. No entanto, o procedimento terminou com um acordo em que o proprietário modificou o desenho — para outro símbolo relacionado a neonazistas, o número 88.
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A denúncia que motivou a investigação havia sido apresentada pela Confederação Israelita do Brasil (Conib), da qual faz parte a Associação Israelita Catarinense, presidida por Sergio Iokilevitc. Na opinião dele, a impunidade pode ser explicada pelas tentativas de minimizar essas situações, banalizando mensagens de ódio. Confira a entrevista concedida à coluna:
Qual a avaliação que você faz do caso em Pomerode?
Existe uma parceria entre a Confederação Israelita do Brasil (Conib) e o Ministério Público de Santa Catarina no sentido de coibir discursos e crimes de ódio e preconceito. Esse caso se encaixa nisso. A gente está vendo um crescimento de pessoas gostando de exibir símbolos nazistas, que é crime pela lei federal. Você fazer apologia do nazismo não é fazer apologia do Flamengo. Foi um regime vil, perverso, matou milhões de pessoas inocentes. A gente vê cidadão num balcão da Beira-Mar, em Florianópolis, agitando uma bandeira nazista. Depois, quando é inquirido, a família diz que tem distúrbios psicológicos. Sempre tem uma coisa desse tipo para minimizar aquilo que é nefasto.
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A comunidade israelita ficou satisfeita com o acordo que levou ao arquivamento da denúncia?
É aquela coisa: não tem a suástica ali, mas tem. Porque tinha. Não é mais a representação de um símbolo nazista. Ele foi modificado, agora é um quadrado….
Você vê agora ali o número 88, também relacionado a movimentos neonazistas?
A gente não quer enxergar isso ali, porque senão esse assunto não acaba nunca. Santa Catarina é o Estado com mais sites de propaganda nazista no Brasil, mais do que São Paulo, proporcionalmente à população, o que é lamentável.

Por que é tão difícil punir esses casos?
Porque banalizam o impacto que pode ter isso. Na Alemanha na década de 1930, muita gente achava: “Não, isso não vai ser assim. Imagina, é um discurso, uma narrativa para chegar ao poder”. E deu no que deu. Banalização de coisa ruim não é uma coisa boa.
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