Ponte desaba com a força de enxurrada, em Brusque. Famílias resgatadas no improviso, com o uso de um trator, em Camboriú. Reservatório da Casan rompe na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. Sistema de alerta do Itajaí-Açu sofre pane quando o rio ameaça transbordar, em Blumenau. Todos esses episódios aconteceram nestes seis meses de 2021. Em comum, revelam a tolerância dos catarinenses com o risco de desastres.

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Santa Catarina é o estado brasileiro com a maior variedade de fenômenos climáticos com potencial para causar desastres. Quase toda semana soam alertas meteorológicos para alguma região. Chuvas como as que atingiram Canelinha nesta semana ou Presidente Getúlio, em dezembro, podem acontecer em qualquer município. Em qualquer mês do ano.

Em janeiro, o Vale do Itajaí lembrou que enchentes ocorrem também no verão. No inverno passado, descobrimos a existência do ciclone-bomba. O Oeste vai da estiagem ao excesso de chuvas num pulo.

São características do território, potencializadas pela mudança climática, que deveriam inviabilizar o confortável e repetitivo discurso por parte de autoridades de que “ninguém poderia prever uma chuva dessas”. Poderia, sim. Porque acontece todo ano. Só varia o lugar.

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Pontes precisam ser erguidas levando em conta volumes extremos de água passando por baixo de quem as atravessa. Quando se estabelece um reservatório de efluentes vizinho a uma área residencial, a capacidade de contenção têm de contar com a possibilidade de chuvas fora do comum. Blumenau não pode ficar sem régua para acompanhar o nível do Rio Itajaí-Açu porque enchentes não agendam data. Novas construções em áreas alagáveis e o desmatamento de encostas ampliam as chances de haver tragédia quando a chuva torrencial vier. E ela virá.

Deveríamos considerar o risco de enxurradas, vendavais e alagamentos como fato do cotidiano, a exemplo do que fazem países suscetíveis a terremotos. A ocupação do território tem de estar limitada aos perigos impostos pela geografia e pelo clima. As cenas terríveis que acompanhamos em 2021 demonstram que ainda estamos longe disso.

Para reduzir a tolerância ao risco de desastres, o primeiro passo é adotar total intolerância à conversa de que era impossível prevê-los.

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