A passagem do tempo no Faxinal do Bepe, entre Indaial e Apiúna, aponta qual deve ser o futuro do Parque Nacional da Serra do Itajaí, hoje questionado por proprietários das terras nunca desapropriadas pela União. Desocupado em 2013, o pasto onde animais circulavam e visitantes montavam acampamento está gradativamente sendo tomado por espécies nativas de uma floresta em regeneração inicial, a popular “capoeira”. Restrito à conservação, o Faxinal ainda recebe veículos e visitantes, mas sob autorização do ICMBio.

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A imagem abaixo foi feita com o auxílio de um drone pelo ambientalista Wigold Schaffer em março de 2020. Ela mostra uma cobertura verde muito diferente da captada em 2011 pelo mesmo ambientalista.

Propriedade da família Molinari é uma das poucas já desapropriadas pela União
Propriedade da família Molinari é uma das poucas já desapropriadas pela União (Foto: Wigold Schaffer, Arquivo Pessoal)

— Com essa primeira cobertura, criam-se condições para o desenvolvimento de espécies mais exigentes e de porte maior. Esse processo de sucessão vai por fim regenerar um ambiente florestal próximo do original — analisa o professor da UFSC e ex-diretor de Florestas do Ministério do Meio Ambiente.

Localizado em uma área de difícil acesso, o Faxinal do Bepe foi durante décadas ponto de parada de jipeiros, motociclistas e ciclistas. A família Molinari mantinha no local um bar e hospedagem, além de atividades agrícolas de pequeno porte. A propriedade foi desapropriada em 2013. Apenas 10 imóveis tiveram esse mesmo destino desde a criação do parque, em 2004.

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Foto de 2011 mostra como era a região antes da desocupação
Foto de 2011 mostra como era a região antes da desocupação (Foto: Wigold Schaffer, Arquivo Pessoal)

Nos 57 mil hectares do Parque Serra do Itajaí ainda há dezenas de áreas particulares à espera de indenização pelo governo federal. Enquanto não há orçamento, os proprietários precisam restringir atividades com impacto ambiental, como construções ou produção de madeira. Situação insatisfatória para todos.

Um movimento liderado por políticos catarinenses propôs a reclassificação do parque para a categoria de Floresta Nacional, em que haveria maior flexibilidade para a exploração econômica da área — embora mantivesse a necessidade de desocupação por particulares. Mas há dúvidas sobre o efeito prático da proposta.

Solução mais viável seria a bancada catarinense pressionar para incluir no orçamento federal o dinheiro necessário às desapropriações. Seria mais produtivo para os donos de imóveis, que deixariam de conviver com a incerteza, e muito melhor para a natureza. Como se vê no exemplo do Faxinal do Bepe, ela não precisa de muito para tomar de volta o espaço que lhe foi tirado.

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