Seis anos antes de conquistar a medalha de prata na estreia do skate nas Olimpíadas, Rayssa Leal enfrentou perrengues para disputar a primeira competição fora de Imperatriz (MA), cidade onde nasceu. A atleta tinha só sete anos de idade quando veio a Blumenau na companhia dos pais e do irmão mais novo, em outubro de 2015. A viagem contou com vaquinha para pagar despesas, alojamento improvisado, refeições à base de miojo e, claro, vitória.
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Como a coluna informou, Rayssa disputou em Blumenau a Taça Santa Catarina de Skate Street Mirim, que contava pontos para classificar as melhores skatistas do país ao campeonato nacional de 2016. O evento ocorreu apenas um mês depois da menina viralizar na internet executando manobras vestida de fada. A popularidade instantânea ajudou a arrecadar pouco mais de R$ 3 mil em uma vaquinha para custear as passagens da família, e ainda sobrou para comprar equipamentos.
A estada em Blumenau, no entanto, teve nenhum luxo e muito esforço. Do aeroporto, Rayssa, os pais e o irmão Arthur, que à época mal havia completado dois anos de idade, foram direto para o Greenplace Skate Park, no Garcia, um galpão com pista de skate onde atletas e familiares ficariam alojados para a competição, marcada para o Parque Ramiro Ruediger no dia seguinte. Os maranhenses dormiram em uma barraca, lembra a CEO do Greenplace, Jackeline Oliveira. Ela e o marido, Ramon Cunha, acolheram a família de Rayssa na cidade.
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— As pessoas ficavam dizendo: “a fadinha vai vir para cá”. Muita gente tinha visto o vídeo — lembra Ramon.
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Só que o dia do campeonato amanheceu chuvoso e a organização transferiu tudo às pressas para o próprio Greenplace. O dormitório então logo foi tomado por atletas e fãs do esporte. Para economizar, os pais de Rayssa preparavam refeições no próprio alojamento — o cardápio não fugia muito do macarrão instantâneo.
No dia da prova, Rayssa cumpriu com o objetivo que tinha proposto aos pais. Venceu a categoria Mirim e subiu ao pódio. No fim do evento, ela voltou à área de premiação junto com as meninas vencedoras das outras categorias em disputa. Aos sete anos de idade, as imagens mostram a mesma menina tímida e carismática por quem o Brasil torceu na madrugada desta segunda (26).
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— Os pais acreditavam muito nela, isso dava para perceber. Ela era meio liderzinha, sabia o que estava fazendo — impressiona-se Jackeline.
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Organizador de eventos e entusiasta do skate, George Gonçalves diz que o talento da menina saltava aos olhos já com sete anos de idade:
— Quando a gente olhou ela, tive uma conversa com o pai dela e eu falei, ‘cara, nutre essa menina, porque tu tens uma joia na mão, ela vai ser campeã mundial.
Depois da passagem por Blumenau, a pequena Rayssa fez um post no Instagram em que agradecia ao “tio Ramon”. Até hoje ele guarda fotografias e vídeos do evento em que uma criança franzina circula entre adolescentes e jovens no Greenplace. Em uma delas, Rayssa menina aparece ao lado do irmãozinho.
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A vitória em Blumenau, naquele outubro de 2015, confirmou que Rayssa tinha talento para competir com qualquer adversária da idade dela e mesmo entre as mais velhas. Foi o primeiro passo a sério de uma carreira que — é fácil esquecer, diante de resultados tão precoces — está apenas começando.
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