A multiplicação de cidades brasileiras oferecendo transporte coletivo de graça à população tem provocado prefeituras a estudar alternativas. Em Blumenau, uma primeira medida neste sentido envolverá os domingos — com tarifa reduzida ou mesmo inexistente. Mas não deve parar por aí. A questão, claro, é como cobrir os custos dos ônibus, e com uma demanda impulsionada pelos eventuais benefícios. Hoje, a conta seria superior a R$ 100 milhões por ano.

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São mais de 70 municípios no país com ônibus urbanos rodando sem cobrança de passagem. O interesse repentino dos prefeitos deve-se a dois motivos: a dificuldade de atrair novos usuários após a queda repentina provocada pela pandemia de Covid-19 e a aproximação das eleições de 2024. A ideia do passe livre, antes rechaçada como utopia, virou alternativa.

Em Blumenau, o número de passageiros médio de segunda a sexta-feira é de 75 mil. Até 2020, eram 100 mil. Há cerca de 15 anos, 120 mil. Corredores de ônibus, ar-condicionado, terminais novos e linhas adicionais podem até ajudar a atrair blumenauenses de volta aos coletivos. As experiências Brasil afora que aliviam o bolso do cidadão, entretanto, têm levado o município a procurar outras formas de financiar o serviço de ônibus.

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Em 2023, a prefeitura subsidiará o transporte em R$ 30 milhões com dinheiro de todos os cidadãos arrecadado via impostos. O fundo do transporte público também receberá metade do resultado (receita menos despesas) da nova Área Azul. O próximo passo deve ser direcionar parte da arrecadação em multas com radares eletrônicos — tema que o governo trata com cuidado, porque não deseja despertar a rejeição de quem crê em “indústria da multa”.

Mário Hildebrandt interessou-se pela experiência de Vargem Grande Paulista (SP), que converteu o vale-transporte custeado pelas empresas em uma contribuição por empregado ao fundo que banca os ônibus. Ponderou que a cidade paulista tem menos de 60 mil habitantes, mas garantiu que a administração está atenta aos diversos modelos em desenvolvimento no país. Só não implementará medida sem viabilidade no longo prazo.

Blumenau não terá ônibus de graça de uma hora para outra. Talvez nunca tenha. Mas o assunto estará na campanha eleitoral de 2024. O atual governo parece decidido a levantá-lo antes que algum oposicionista o faça.

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