Encerradas as eleições municipais e reempossado o governador Carlos Moisés (PSL), Santa Catarina tem a oportunidade de, pela primeira vez desde o início da pandemia, concentrar-se apenas no combate ao coronavírus. Prefeitos, reeleitos ou não, podem agir sem medo de perder votos. Moisés, por sua vez, tem a oportunidade de gerir a crise em sintonia com o Legislativo, os municípios e a população.

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Os números da segunda onda fizeram o Estado testar positivo para ingerência política nas decisões de saúde pública. São mais de 4 mil casos diários — na média móvel dos últimos sete dias —, e 30 mortes. As UTIs hospitalares caminham rápido para a lotação. Se alguém ainda tinha dúvidas sobre o que aconteceria se nenhuma medida de contenção da transmissão fosse tomada, o resultado está aí.

Virada a página, Moisés e os eleitos sinalizam disposição para trabalhar em conjunto. O governador não pretende decretar medidas restritivas sem ouvir os municípios. No lado oposto, prefeitos como Mário Hildebrandt (Podemos), de Blumenau, dizem que seguirão o mapa de risco e as determinações estaduais.

De prático, o entendimento poupa os catarinenses do jogo de empurra observado nos últimos meses, mas reduz a chance de medidas urgentes para frear a Covid-19. Embora cientificamente embasado, um novo esforço de quarentena encontraria forte oposição popular e de comerciantes nas semanas que antecedem o Natal.

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Nesse clima, Moisés apresenta duas propostas iniciais aos municípios: maior apoio da Polícia Militar na fiscalização de abusos e R$ 44 milhões para pagar internações hospitalares. A primeira está cercada de dúvidas. É difícil imaginar que policiais militares possam, só com orientação, conter a ânsia das pessoas por lazer em plena temporada de verão. A segunda tem o mérito de tranquilizar hospitais filantrópicos, casos do Santo Antônio e do Santa Isabel, em Blumenau. Desde que os leitos de UTI extras para Covid-19 perderam a habilitação do Ministério da Saúde, ninguém tem garantia de receber pelos atendimentos. E os pacientes não param de chegar.

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É um caminho brando, politicamente viável e que pode devolver a Moisés o controle do Estado num ambiente de conciliação. O fim do processo eleitoral e da crise política fratricida apaziguam os ânimos e permitem que Santa Catarina tome decisões com maior racionalidade. 

Todavia, que ninguém se engane. Como efeitos colaterais da estratégia de apostar todas as fichas nos leitos de UTI virão mais mortes e altíssimos custos para os contribuintes. O vírus, infelizmente, não compreende as nuances da política.

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