Só alguém perverso proíbe pais e mães de vacinarem os filhos contra uma doença perigosa. Sentado em cima das vacinas contra a Covid-19 para crianças entre cinco e 11 anos de idade, mesmo tendo aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para liberá-las, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, discursa com traços de psicopatia, dominado pela pulsão de morte que move Jair Bolsonaro (PL) e seu governo.

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Neste sábado (18), anunciou um “procedimento administrativo para avaliar a decisão da Anvisa”. Procedimento que já fora concluído, com parecer favorável, no dia anterior. Mas não é só isso. Queiroga previu uma consulta pública e uma audiência pública antes de “passar para a sociedade brasileira uma posição final”. Uma fala dessas no dia 18 de dezembro, na Brasília que conhecemos, significa sonegar dos pequenos brasileiros o direito à vacinação por semanas, talvez meses.

Um governo que se diz defensor da liberdade impede que famílias optem por vacinar os seus com um medicamento comprovadamente seguro, eficaz e já adotado em países como Israel, Estados Unidos, Alemanha e Espanha. Para o bolsonarismo, rejeitar a vacina é liberdade de escolha. Mas se alguém quiser vacinar sua criança, aí o Estado tem de intervir.

— Entre eu e a vacina tem uma tal de Anvisa, que eu respeito e alguns não querem respeitar — disse o presidente, em dezembro de 2020, quando alimentava desconfiança sobre os imunizantes para adultos.

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Um ano depois, o mesmo Bolsonaro atacou os servidores da agência que aprovaram o imunizante da Pfizer para crianças. Prometeu divulgar os nomes deles para intimidá-los. É comportamento de psicopata.

Quase ninguém mais leva a sério o que Bolsonaro tem a dizer sobre a Covid-19. Os movimentos antivacina foram atropelados no Brasil, até apoiadores fervorosos do presidente tomaram as duas doses. Na medida em que a popularidade esfacela-se, o bolsonarismo parece-se mais e mais com uma seita tóxica. O problema é que não só os convertidos prejudicam-se com as orientações irracionais do líder.

Pelo roteiro já estabelecido no país, alguém com as faculdades mentais em dia aciona o Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá contra o governo para restabelecer o direito à vacinação. Foi assim com o passaporte da vacina nos aeroportos. Tem sido assim desde o início da pandemia.

Quem receitou Lexotan para o ministro Augusto Heleno tem trabalho a fazer.

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