Em 7 de abril de 2011, um homem armado matou 12 crianças dentro de uma escola em Realengo, no Rio de Janeiro. Era a primeira vez que o Brasil vivia um pesadelo assim, ao menos nos padrões de violência fútil e covarde que têm se repetido na história recente. A capa do Jornal de Santa Catarina do dia seguinte dizia, junto de uma escolinha desenhada de modo propositalmente infantil e colorido: “Escola é assim”. Virava-se a página, que expunha a tragédia, e a manchete concluía: “…E não assim”.
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Era uma mensagem surpreendente para o clima de consternação no país. Diante de um crime bárbaro, é instintivo e legítimo que se discuta a agressão, o agressor e meios de reduzir a gigantesca sensação de insegurança e impotência. Aquela capa, no entanto, provocava o leitor a desviar o olhar para as vítimas e para o lugar onde tudo aconteceu.
Neste abril doloroso, é Blumenau que vive o luto coletivo provocado por um crime inexplicável e debate medidas para impedir a repetição dele. O desenho de 12 anos atrás continua fazendo sentido, talvez mais ainda.

Quaisquer soluções para prevenir pessoas desequilibradas de atacar crianças indefesas passam por reafirmar o que é a escola e lutar para preservá-la em sua essência. Escola é um espaço de desenvolvimento humano, individual e coletivo, de construção de saberes, de socialização, de convivência com o outro, de expressão, de expandir o mundo restrito percebido por nossos limitados sentidos. É também lugar de arte, cultura e diversão.
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Oportunistas que usam tragédias assim como cavalo de batalha política querem acabar com a escola, e não salvá-la. Um ambiente em que servidores andam armados, vigiado por câmeras onipresentes, rodeado de muros altos e cercas elétricas, onde policiais igualmente armados são os responsáveis pela segurança ostensiva, esse lugar não é uma escola, é uma penitenciária.
Nos dias subsequentes ao ataque, as autoridades têm, ao menos nas palavras, tratado do atendimento e formação dos educadores, da formulação de protocolos de prevenção e reação e da preocupação geral com a saúde mental da comunidade. Por certo que há melhorias a serem feitas na estrutura física, e isso também está na pauta, mas esse não é o tipo de problema a se resolver apenas com obras.
Episódios assim nascem de um caldo cultural construído devagar. Levou mais de 12 anos, por certo. Para reduzir a frequência deles serão necessários tempo e racionalidade.
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