Há injustificável pressa entre agentes políticos no Brasil para eliminar a obrigatoriedade do uso de máscaras contra a Covid-19. Desde o início de setembro o presidente Jair Bolsonaro fala no assunto. A secretaria de Saúde de Santa Catarina e as prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro já avisaram à população que estudam flexibilizar regras nas próximas semanas, principalmente em áreas externas. No município de Duque de Caxias (RJ), o prefeito antecipou-se e aboliu a proteção até em ambientes fechados. Ansiedade que atende mais às necessidades da política do que da saúde.

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Atire a primeira pedra quem não estiver louco de vontade de livrar-se das máscaras. Além do incômodo, especialmente em dias de calor, há algo de simbólico no gesto. Os rostos descobertos significariam, na prática, o fim da maior pandemia em um século. Isso explica o comportamento oportunista de políticos. Eles querem ser a voz da bonança, mesmo que antes da hora.

Uma pandemia, aprendemos da forma mais dolorida possível, não é um problema local. Variantes detectadas do outro lado do mundo espalharam-se entre os catarinenses em questão de semanas. Ou seja, mesmo uma cidade com altos índices de vacinação e números baixos de contágio, neste momento, ainda precisa manter a atenção para garantir que o esforço global contra o Sars-Cov-2 funcione.

Anúncios precipitados, além de tudo, atrapalham. Dão a sensação de que acabou, de que é possível relaxar nos cuidados. Basta observar o que acontece nas ruas e locais de trabalho. Há cada vez menos rostos cobertos circulando.

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Em maio deste ano, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez um pronunciamento fora de hora comunicando que máscaras não seriam mais obrigatórias e mesmo o distanciamento poderia ser abandonado. Passou vergonha. Poucas semanas depois, prefeitos e governadores norte-americanos tiveram de voltar atrás na recomendação devido à variante Delta e aos baixos índices de vacinação — hospitais voltaram a encher de doentes nos estados onde o negacionismo predomina.

Para assegurar que não haverá retrocessos futuros, convém a Santa Catarina dar um passo de cada vez. É necessário vacinar o maior número possível de pessoas e abafar o contágio para perto de zero antes de sinalizar à população que a guerra está vencida. Porque essa vitória, quando vier, será coletiva. E não de um governante.

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