A ascensão de Daniela Reinehr ao comando do governo de Santa Catarina ocorre no exato instante em que a curva de casos de coronavírus empina outra vez. Nesta semana, espera-se que mais regiões voltem a ficar em laranja (grave) no mapa de risco — o Médio Vale do Itajaí entre elas. Também é possível que alguma área volte à cor vermelha (estágio gravíssimo).

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Confirmada essa tendência, a volta às aulas estaria comprometida. Atividades com reunião de público, da mesma forma. Para as próximas semanas, já seria possível projetar novas restrições à circulação de pessoas. Seria.

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Tudo o que se refere ao combate à pandemia entrou em condicional desde sábado (24), quando o Tribunal de Julgamento do Impeachment afastou Carlos Moisés e abriu caminho para que Daniela assumisse o comando do Estado. E ela já começou a sofrer pressões públicas para que altere as políticas de gestão da pandemia.

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> Deputado pede que Daniela “rasgue” decretos de Moisés.

Se o alinhamento ao presidente Jair Bolsonaro for total, as mudanças devem ser drásticas — e perigosas. Sem ações que ajudem a conter o avanço da nova onda de imediato, Santa Catarina pode passar a temporada de verão em meio a um novo pico da Covid-19, com reflexos econômicos imprevisíveis. Mas seria prematuro concluir, de pronto, que Daniela deixará o vírus circular “naturalmente”.

Desde o início da pandemia, ela demonstrou apoio ao populismo sanitário de Bolsonaro, mas, ao menos em público, não atacou diretamente o uso de máscaras e o distanciamento entre as pessoas. As decisões de fechamento de setores econômicos tomadas por Moisés foram criticadas pela vice, mas longe de adotar a ênfase bolsonarista. 

De uma distância das polêmicas, a postura de Daniela pode ser resumida na frase: “Se puder, fique em casa”, publicada por ela no Facebook, onde está embutida a ideia de que o combate à pandemia depende de ações individuais dos cidadãos.

Uma vez que a governadora não sabe por quanto tempo ficará no cargo, é possível que, ao menos num primeiro momento, busque um meio-termo entre manter medidas de prevenção e atender ao desejo bolsonarista de “rasgar os decretos” de Moisés.

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Pena, para os catarinenses, que o vírus não tenha sensibilidade política.