É voz corrente em Blumenau. Por aqui, obra nenhuma sai do papel sem antes virar novela. Qualquer projeto importante que dependa de recursos externos, dos governos estadual ou federal, via de regra, atravanca. Não é complicado entender o porquê.

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Demorou oito anos para a duplicação da BR-470 tornar-se prioridade em Santa Catarina. Mesmo assim, em 2021, todo tipo de empecilho surgiu, seja para bloquear o investimento de R$ 300 milhões do caixa estadual na rodovia do Vale do Itajaí, seja para cortar o magro orçamento federal.

O prolongamento da Via Expressa de Blumenau, a nova SC-108, foi retomado depois de quatro anos totalmente parado. Mas é impossível ser otimista com o andamento dos trabalhos quando se sabe que, dos 15 viadutos previstos até a Vila Itoupava, 14 não têm sequer projeto.

Já faz quatro anos que o governo do Estado anunciou que construiria um Centro de Convenções em Blumenau, com investimento próximo dos R$ 30 milhões. A obra não saiu do projeto. Até a instalação de uma cerca e do balizamento noturno do Aeroporto Quero-Quero demoram. O convênio para repassar R$ 4 milhões do Estado foi assinado há um ano e meio e nem a licitação está concluída ainda.

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Orçamento secreto

Nesta semana, um dado aparentemente não relacionado ajudou a jogar luz sobre o problema. Até quando se trata do orçamento secreto federal, aquele em que parlamentares enviam dinheiro a esmo a prefeituras sem prestar contas à população, Blumenau ficou para trás de cidades como Itajaí, Chapecó, Criciúma e São José na atração de recursos.

Parlamentares conseguiram empenhar R$ 9,6 milhões da União para investimentos diversos na cidade. Joinville obteve R$ 21,6 milhões. Florianópolis, nada menos que R$ 129,6 milhões. A conclusão é óbvia: representação política faz a diferença.

Quando há um parlamentar influente, ou um grupo deles, atuando sobre o Executivo para pressionar por soluções, projetos não ficam na gaveta, obra nenhuma permanece quatro anos abandonada. Sem voz direta nos centros de poder, as demandas locais vão sempre para o fim da fila.

A política, tão rejeitada por aqui, é a esfera onde a sociedade escolhe suas prioridades. Em 2022, ou Blumenau se convence de que precisa participar dela, elegendo representantes, ou estará condenada a mais quatro anos de atraso.

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