A pandemia de Covid-19 escalou um novo patamar em Blumenau nesta semana. Dois mil exames por dia, recordes de casos quebrados em sequência, filas em ambulatórios gerais, hospitais e postos de saúde. Apesar da gravidade, a prefeitura não cogita reabrir a central do coronavírus na Vila Germânica, o que tem gerado críticas. A resistência tem fundamento racional, mas a questão é se os fatos vão corroborar o plano do governo municipal.

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Em primeiro lugar, a Secretaria de Promoção da Saúde acusa falta de pessoal para atender nas estruturas já existentes. É por isso que a testagem nos terminais de ônibus foi suspensa. Profissionais ainda em férias e escalas prolongadas para atender casos suspeitos e vacinar os blumenauenses deixaram o cobertor ainda mais curto.

Para os próximos dias, é esperada uma avalanche de contágios entre profissionais de saúde. Não só em Blumenau, mas no país. Serão muitos desfalques num instante crítico. Neste cenário, reabrir a Vila enfraqueceria a operação já em curso.

Outro motivo, martelado pela vice-prefeita Maria Regina de Souza Soar (PSDB), que tem feito as vezes de secretária de Saúde na ausência de Winnetou Krambeck (PSDB), em férias, é a orientação do Ministério da Saúde para levar o atendimento o mais perto possível da casa das pessoas. Os 66 postos do Estratégia de Saúde da Família (ESF) e os sete ambulatórios gerais oferecem capilaridade e os servidores conhecem as comunidades atendidas.

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Maria Regina tem insistido para que as pessoas procurem primeiro o posto de saúde do bairro. Se a população espalhar-se pela rede, as filas diminuirão, sustenta. Ela também compara, sempre que possível, a situação da rede pública com os ambulatórios privados e hospitais, onde a espera chega a superar quatro horas.

Como tese, a argumentação faz sentido. Reabrir a Vila Germânica pressionaria ainda mais as equipes da saúde, geraria custos extras e, quando estivesse montada para atender a pleno, talvez o pico da Covid-19 já tenha ficado para trás. No mundo prático, o município precisa garantir conforto mínimo para quem está na fila de unidades sem a estrutura oferecida pelo pavilhão de eventos. Vêm aí dias de calor intenso.

No fim, a discussão ignora a origem do problema, mais uma vez. Na onda mortífera de 2020, debatia-se o investimento em leitores hospitalares. Agora, no atendimento ambulatorial. O foco é sempre o sintoma, e não a doença.

Mais importante talvez seja questionar o que o município e o Estado faziam, no fim de dezembro, para prevenir o alto contágio pela variante Ômicron. E o que estão fazendo agora.

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