Eduardo Pazuello citou Blumenau no depoimento que presta à CPI da Covid-19 nesta quarta-feira (19) para distorcer o papel que cabe ao Ministério da Saúde na pandemia. A comparação com municípios do Norte do país serve apenas à confusão. Pazuello e o governo a quem prestou serviços vendem a ideia de que o Brasil é um país grande e complexo demais para que exista uma política federal de combate à crise sanitária. Como diria o próprio ex-ministro, a fala não passa de “coisa de internet”.
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Em Blumenau, Manaus, Nova York ou no arquipélago de Galápagos, as medidas comprovadamente eficazes contra a Covid-19 são as mesmas, indicadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde o primeiro semestre do ano passado: 1) Testar, testar e testar; 2) Reduzir a circulação de pessoas; 3) Estimular a higiene das mãos e o uso de máscaras; 4) Vacinar a população assim que houver um imunizante disponível.
À frente do Ministério da Saúde, Pazuello, sob ordens do presidente Jair Bolsonaro, estimulou (e participou de) aglomerações, deixou de enfatizar a importância das máscaras e até participou de reuniões sem ela, propagandeou tratamentos duvidosos, não fez rigorsamente nada para ampliar a testagem dos brasileiros e foi displicente na compra de vacinas, para dizer o mínimo. É como se o ministro tivesse sido chamado a promover o coronavírus, e não combatê-lo.
As políticas de contenção do contágio pela doença variam, de região para região, no COMO fazer. Estados e municípios inclusive têm autonomia, conforme o Supremo Tribunal Federal (STF), para adotar medidas mais restritivas que as nacionais, por exemplo. Mas a responsabilidade de indicar O QUE fazer nunca deixou de ser da União.
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A fala de Pazuello à CPI insiste na estratégia de desacreditar o conhecimento científico, os especialistas internacionais, a OMS e as medidas tomadas por prefeitos e governadores para tentar conter a doença. Como “coisa de internet” ela, até o início da CPI, funcionou muito bem. Na vida real, provocou a maior tragédia sanitária da história nacional.
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