A reação desproporcional à cerveja que simula o aroma de maconha, vetada na Oktoberfest Blumenau, deixa no ar uma contradição óbvia e um risco ao evento. A contradição: um festival que tem a bebida alcoólica como ingrediente essencial rejeita peremptoriamente que os bebedores sintam o cheiro fabricado e sem efeito psicoativo de uma planta parente próxima do lúpulo, a cannabis sativa.
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“Não faz sentido uma festa que destina 1% de seu lucro com a venda de bebidas para prevenção e tratamento de dependência de álcool e outras drogas ofertar uma bebida que tenha ligação com qualquer entorpecente”, esbravejou o prefeito nas redes sociais. Aqui a contradição vira o fio do discurso moralista. O álcool é entorpecente.
A Oktoberfest destina verbas para tratar dependentes químicos porque vende um produto que causa dependência. Quem deseja fazer uso recreativo de algo que, sabidamente, produz efeitos nocivos ao corpo se ingerido em excesso, tem liberdade para fazê-lo.
Por outro lado, 1% dos lucros ajudam a financiar políticas públicas para reduzir os danos da mesma substância a uma parcela da sociedade. Tem lógica. Se a guerra é contra os danos à saúde, estamos no caminho certo.
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Quando se enfrenta a questão pelo viés da moralidade, a festa inteira vai à berlinda.
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