A intervenção de um trator na restinga da praia de Quatro Ilhas, em Bombinhas, rasgou uma clareira no meio da vegetação protegida por lei. Na manhã de quarta-feira (19), moradores foram surpreendidos pela presença da máquina no canto da praia, próximo a um riacho que desemboca no mar. O objetivo da ação era abrir espaço para que pescadores possam guardar em segurança barcos usados na pesca artesanal da tainha. Situação comum na tradição passada de pai para filho, mas não com um estrago desse tamanho.

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Por ser patrimônio cultural, a pesca da tainha costuma ter autorização de órgãos ambientais para intervir em pequenas áreas de restinga próximo a costões. Os pescadores geralmente usam facões para abrir espaço às embarcações de madeira. O dano à área protegida é quase sempre imperceptível. Desta vez, 115 metros quadrados de vegetação foram afetados. A Polícia Militar Ambiental autuou os responsáveis.

Em uma postagem no Instagram, o prefeito de Bombinhas, Paulo Henrique Dalago Müller, disse que “isso foi feito para acomodar as canoas da pesca da tainha, uma tradição de anos. Tem autorização do meio ambiente e da SPU”. À coluna, a assessoria de imprensa do município disse que o prefeito se referia ao aval da Superintendência de Patrimônio da União (SPU) relativo ao período de pesca da tainha, e não à obra específica. A prefeitura afirmou que não tem relação com a máquina empregada na ação e que a Fundação do Meio Ambiente (Famab) está “acompanhando o caso”.

Segundo a comandante da Polícia Militar Ambiental na região, tenente Brianna Tosetto de Souza, o dono de uma embarcação, que não teve o nome revelado, apresentou-se como responsável pela obra. Ele assinou um termo circunstanciado e deve ser obrigado a pagar multa, além de recuperar a área degradada.

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— O que fizeram é uma clareira. Isso não há como autorizar porque restinga é área de preservação permanente — afirmou.

Segundo a PM Ambiental, 115 metros quadrados de restinga foram destruídos
Segundo a PM Ambiental, 115 metros quadrados de restinga foram destruídos (Foto: Arquivo Pessoal)

Conforme um morador da praia ouvido pela coluna, mas que não quis identificar-se, o temor é de que um rancho fosse erguido no local e que mais tarde evoluísse para quiosque, depois para restaurante e que no futuro a vegetação viesse a ser ocupada. Há um movimento em Bombinhas para transformar o canto de Quatro Ilhas em unidade de conservação.

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