Napoleão Bernardes (PSD) publicou uma “carta aos catarinenses” nesta quarta-feira (13). À primeira vista, o conteúdo não traz recados políticos de grande impacto à corrida pré-eleitoral. À segunda vista, também não. E isso por si só indica o que pretende com a mensagem o ex-prefeito de Blumenau e candidato a um lugar ao sol nas Eleições 2022. Leia a íntegra no fim do texto.

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Napoleão diz que “o processo eleitoral não é loteria”, critica o que chama de posições extremistas e exalta a democracia, pedindo responsabilidade e consciência no voto. “Temos tempo”, sugere. O autor dos sete parágrafos acena aos jogadores do jogo eleitoral que tem discurso.

Fiando-se nos conselhos do ex-senador Jorge Bornhausen, ele acredita que o eleitor de daqui um ano estará cansado das aventuras bolsonaristas, mas não o suficiente para devolver à esquerda o pêndulo ideológico empurrado ao extremo da direita em 2018. O candidato ideal seria moderado e jovem, mas experimentado na política, e não um outsider. Um Eduardo Leite (PSDB) de Santa Catarina, por assim dizer.

O problema, para o blumenauense, é que a comparação com o governador gaúcho não é nova, vem desde 2012. Leite também elegeu-se prefeito (em Pelotas), foi apontado como político promissor no cenário estadual e abriu mão do segundo mandato para arriscar tudo em 2018. Só que venceu a disputa no Rio Grande do Sul e hoje sonha com o Planalto. Napoleão perdeu tudo de lá para cá. Teve a candidatura ao Senado minada pelos tucanos, terminou vice de Mauro Mariani (MDB), que nem ao segundo turno foi, e mudou de partido a convite de Julio Garcia (PSD), mais tarde enfraquecido por investigações policiais.

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O blumenauense redigiu a carta tentando abrir flanco num campo bolsonarista povoado por nomes como Jorginho Mello (PL), Luciano Hang (sem partido), Carlos Moisés (sem partido) e Esperidião Amin (PP). Mesmo o discurso de Antídio Lunelli (MDB), apresentado como de moderação, tem pontos de contato com o eleitor do presidente. Napoleão quer ser percebido como alternativa não lulista a esse discurso.

Porém, o tom anódino da carta indica que não é momento para indisposições. O ex-prefeito não ataca e muito menos nomina a situação a quem pretende substituir. Não endereça mensagem a qualquer grupo político. Diz apenas que quer jogar.

A um ano da eleição, quem observa os movimentos de Napoleão Bernardes desde Blumenau enxerga chances cada vez mais estreitas de candidatura ao governo ou ao Senado. O melhor espaço que poderia conquistar seria o lugar de vice em uma chapa à reeleição de Carlos Moisés. Que só será viável se: 1) O MDB não for o principal parceiro do governador e; 2) O PSD embarcar no projeto escolhendo o blumenauense para representá-lo.

Algo além disso, para Napoleão, apenas uma terceira via nacional robusta poderia proporcionar, quem sabe com Eduardo Leite personificando o tal desejo de moderação. Neste caso, e só neste caso, as comparações entre os jovens políticos voltariam a fazer sentido.

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A carta de Napoleão

Caros concidadãos, os últimos anos no Brasil têm sido marcados pelo antagonismo político, pelas posições extremistas e, de modo geral, pela nossa incapacidade de debater sem escorregar para a agressão, a intolerância e, muitas vezes, para a violência. Em ambos os lados, a tônica é a insatisfação.

Ouso dizer que estamos vivenciando a “tempestade perfeita”, a conjuntura que tem todos os ingredientes para reforçar a tese de que o país não tem jeito e de que nenhum político é confiável. Certamente é o caminho mais fácil para lavar as mãos e não ter o trabalho de se comprometer. No final, quando tudo der errado, podemos reclamar em paz!

Estamos a um ano das eleições e, no meu entender, o caminho mais fácil não é uma opção. É hora de refletir. Apesar de toda a instabilidade política e econômica dos últimos tempos, causada por diversos fatores, vivemos numa democracia. Só a democracia nos possibilita o voto livre, que dá a todos os cidadãos poder idêntico.

Em 2022 vamos escolher o presidente da República, os governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Estamos a um ano do pleito e é preciso ter em mente que a responsabilidade sobre o nosso futuro comum é de cada um de nós, eleitores.

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O processo eleitoral não é loteria. É o resultado, a soma, do que pensa e deseja a maioria dos cidadãos com mais de 16 anos de idade. E o que queremos? Acredito que, independentemente da linha ideológica, queremos representantes que promovam o desenvolvimento econômico e social do estado e do país e que sejam capazes de criar um ambiente favorável à prosperidade individual e coletiva, com paz e harmonia. Um ambiente que nos permita sonhar e acreditar que somos capazes de realizar nossos sonhos.

Por isso, é hora de refletir sobre as possibilidades que estão sendo colocadas, buscar informações além da superficialidade e das aparências, analisar, para, então, estarmos prontos para fazer a escolha de cada um dos nossos representantes.

É hora de assumir essa que é uma das mais importantes responsabilidades que se impõem a cada um de nós, cidadãos. É hora de tomarmos as rédeas do nosso destino. Alguns nomes já estão sendo colocados, muitos outros ainda se apresentarão. Temos tempo. Mas, a meu ver, essa é uma tarefa inadiável e indelegável. Cada um dos eleitos em 2022 só poderá chegar lá com o nosso voto. Façamos escolhas conscientes!

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