A política catarinense acordou nesta sexta-feira (18) virando a página para um governo novo — projeção que, como analisou o colega Renato Igor, só a Justiça será capaz de reverter. Nesta nova página, há uma eleição municipal a ser disputada.
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No contexto de Blumenau, o voto favorável do deputado Ricardo Alba (PSL) à abertura do processo de impeachment contra o governador Carlos Moisés e a vice, Daniela Reinerh, evidenciou que estava em jogo na Assembleia Legislativa muito mais que um suposto crime de responsabilidade.
Alba foi a única surpresa da votação. Aliado de primeira hora do governador e elevado ao status de embaixador do governo no Médio Vale do Itajaí, o blumenauense beneficiou-se da interlocução privilegiada — que irritava outros parlamentares —, mas abandonou o barco na última hora.
— Que ninguém, nem mesmo o governador, me olhe com olhar de censura, porque eu avisei — alertou Alba na Alesc.
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Para o futuro político do deputado, a eventual censura de Moisés pouco importa. A interpretação que o eleitor fará do gesto, essa sim, tem relevância. E ela será medida na campanha eleitoral de logo mais.
Bolsonaristas raiz no município, que não engoliam Moisés, provavelmente aplaudem o desembarque, embora tardio — é por causa deles que Alba votou a favor. Por outro lado, o voto “sim” projeta sobre o deputado a máxima atribuída a Leonel Brizola: “A política ama a traição e odeia o traidor”.
Até o início deste ano, Ricardo Alba figurava como o candidato a prefeito do governador. Agora, não só perdeu o principal apoiador como largou-o à beira do caminho. É o grande prejudicado pelo impeachment.
Pelo calendário do processo de impedimento, Moisés e Daniela tendem a ser afastados dos cargos temporariamente em outubro, no meio da campanha eleitoral. Ascenderá ao poder, se a Justiça não inviabilizar o roteiro, o presidente da Alesc, Julio Garcia (PSD). Quem ganha diretamente com isso é a candidatura de João Paulo Kleinübing (DEM), que tem Ronaldo Baumgarten (PSD) de vice.
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Difícil avaliar como o terremoto político catarinense influenciará os humores do eleitor e em que medida uma boa relação com a Capital terá peso na urna. É mais um ingrediente de incerteza na disputa mais pulverizada da história.