A comunidade do Vale do Itajaí reagiu com certo ceticismo ao anúncio de mais R$ 100 milhões do Estado para a duplicação da BR-470. Empresários e lideranças ouvidos pela coluna só acreditarão no investimento total de R$ 300 milhões com o orçamento de 2021 quando as máquinas roncarem pra valer. Desconfiança justificada pelos números apresentados pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, ao Senado, terça-feira (17).
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Faltam R$ 667 milhões para concluir as obras, mais cerca de R$ 200 milhões em desapropriações. O ministro disse que é possível entregar ainda em 2022 mais 22,4 quilômetros de pista duplicada, chegando a 53 de um total de 73 quilômetros. Mas os novos segmentos a serem entregues são curtos, interrompidos por viadutos e acessos que não ficarão prontos até dezembro. O motorista continuará convivendo com desvios.
Tarcísio disse que a instabilidade de “solos moles” ao longo dos 73 quilômetros de obras reduz a capacidade de trabalho. Há trechos em que dinheiro não resolve de pronto. Em outros, principalmente entre Blumenau e Indaial, o que atrapalha é a falta de dinheiro para desapropriações. Como a lei impede o uso da verba estadual na compra de terrenos, a União terá de aplicar o próprio orçamento. E não resta muita coisa em 2021.
Os céticos também estão de olho nas reticências deixadas pelo ministro sobre a assinatura do convênio com o Estado ainda em agosto. Ele deixou claro que deseja formalizar todos os R$ 450 milhões da ajuda estadual para rodovias federais num único documento. Como os R$ 100 milhões extras anunciados pelo governador precisam de autorização da Assembleia Legislativa, Carlos Moisés (sem partido) sugeriu fazer de imediato um convênio para os primeiros R$ 350 milhões e o resto depois.
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Levando-se em conta os sete meses passados desde a primeira proposta de Moisés, em janeiro, há motivo para ficar de olhos bem abertos nas próximas semanas.
Até o momento, a BR-470 tem 22,4 quilômetros de pista duplicada, quase todos nos lotes 1 e 2. Um total de R$ 913 milhões já foi investido. Oito anos atrás, o orçamento total da obra era de R$ 1,1 bilhão. Atrasos custam caro.
Navegantes-Gaspar
Nos lotes 1 e 2, de Navegantes até o limite de Gaspar com Blumenau, rupturas de solo na região de Luís Alves e Gaspar freiam as obras. Por causa disso, o governo federal afirma que não é possível investir mais de R$ 50 milhões em cada lote neste ano. É preciso estabilizar o terreno, o que demanda tempo.
O principal ponto de estrangulamento do trânsito continuará sendo o viaduto sobre a BR-101, em Navegantes, que passou por mudança de projeto e só será concluído em 2022.
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Blumenau-Indaial
Em Blumenau, os 5,1 quilômetros de pista duplicada que Tarcísio Gomes de Freitas prometeu entregar em 2021 partem da Mafisa em direção ao litoral. Só que ficarão faltando o túnel da Rua Samuel Morse, o viaduto da Dudalina e o acesso ao Belchior, perto da Segala’s. O ministro disse que é possível entregar esses viadutos até março de 2022. É ver para crer.
Da mesma forma, a entrega de mais 5,2 quilômetros em Indaial até dezembro estará entrecortada por cinco pontes e viadutos inacabados, entre os Kms 68 e 73. Sem avançar nas desapropriações, só será possível investir mais R$ 40 milhões em 2021 nesses dois lotes.
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Raio-x da duplicação
Lote 1 – Navegantes-Ilhota (63%)
Extensão: 18,6 Kms
Duplicados: 9,8 kms
Até dezembro: 5,6 kms
Até julho/2022: conclusão
Falta investir: R$ 137 milhões
Lote 2 – Ilhota-Gaspar (84%)
Extensão: 26,26 kms
Duplicados: 18,48 kms
Até dezembro: 6,5 kms
Até julho/2022: conclusão
Falta investir: R$ 125 milhões
Lote 3 – Gaspar-Blumenau (35%)
Extensão: 12,91 kms
Duplicados: Complexo da Mafisa
Até dezembro: 5,1 kms
Em março/2022: acesso ao Belchior, viaduto da Dudalina e túnel da Rua Samuel Morse
Falta investir: 195 milhões
Desapropriações: R$ 80 milhões
Lote 4 – Blumenau-Indaial (33%)
Extensão: 15,4 kms
Duplicados: viaduto de Indaial e Timbó
Até dezembro: 5,2 kms
Em 2022: sem previsão
Falta investir: R$ 210 milhões
Desapropriações: R$ 107 milhões
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